quarta-feira, julho 01, 2020

Eraserhead

(EUA, 1977)
Direção: David Lynch
Elenco: Jack Nance, Charlotte Stewart, Allen Joseph, Jeanne Bates

Poucos são os cineastas que conseguem imprimir seu estilo logo no seu primeiro filme. E o grande David Lynch se enquadra perfeitamente na afirmação acima pois Eraserhead é a síntese de sua marca em toda a sua filmografia: imagens bizarras, cenas de palco, década de 1950, apurado trabalho de som. Se inserisse esse filme no meio da terceira temporada de Twin Peaks faria total sentido pois o DNA singular de Lynch salta aos olhos mesmo passado quarenta anos. E se a estória de um homem apático que se relaciona com uma garota que deu cria a um ser estranhíssimo não faz sentido (poderia ser uma alegoria sobre a paternidade?), essa sempre foi a essência do diretor - que também é artista plástico - em que a sensação é mais importante que um simples contar de história. Se a o mestre Buñuel usou com brilhantismo o surreal como arma para alfinetar a hipocrisia da sociedade; Lynch bebe na mesma fonte como combustão para suas obsessões pessoais para brincar com a própria linguagem cinematográfica.

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