domingo, janeiro 10, 2021

Era Uma Vez um Sonho


(Hillbilly Elegy, EUA, 2020)
Direção: Ron Howard
Elenco: Amy Adams, Glenn Close, Gabriel Basso, Owen Asztalos.

O livro de J. D. Vance se tornou um best-seller ao humanizar um grupo de "caipiras" que vivem nos grotões dos EUA e que sobrevivem na espiral pobreza, alcoolismo, falta de perspectiva futura. Já a adaptação da Netflix faz o oposto e caminha sem pudores para o estereótipo, caricatura e exagero na biografia de um jovem que consegue se desviar do mesmo destino da sua família disfuncional ao ingressar numa prestigiosa universidade. Recheado de grandes nomes na produção, esse detalhe só faz aumentar a decepção sobre o filme. Conhecido por um estilo mais convencional, o cineasta Ron Howard entregou filmes interessantes como Frost/Nixon (2008) e Rush - No Limite da Emoção (2013) mas aqui ele pisou feio na bola mostrando total falta de sensibilidade ao lidar com os problemas emocionais dos personagens. Mais embaraçoso ainda é o o trabalho do ótimo elenco envolvido: Amy Adams entrega a sua pior atuação ao viver uma mãe desequilibrada o tempo todo; o protagonista Gabriel Basso não tem expressão nenhuma; e a única que salva o filme é uma Glenn Close carregada na maquiagem e no exagero. Enfim, o que deveria ser um estudo interessante sobre os excluídos e esquecidos pela sociedade estadunidense, Era Uma Vez um Sonho acabou se transformando num dos maiores pesadelos do ano. Ironia, uma novela mexicana daquelas...

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