(França/EUA/México, 2024)
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Karla Sofía Gascón, Zoe Saldana, Selena Gomez, Adriana Paz.
Direção: Jacques Audiard
Elenco: Karla Sofía Gascón, Zoe Saldana, Selena Gomez, Adriana Paz.
A advogada Rita atua em casos polêmicos mas sem levar créditos pelas vitórias (o que não a desagrada pois ela tem vergonha de livrar pessoas corruptas). Com o desânimo profissional, ela recebe uma proposta inusitada: um famoso chefe do tráfico de drogas, Manitas, lhe faz um acordo para ela organizar algumas ações pois este deseja sair do mundo crime e realizar o sonho de transição de gênero. E com o surgimento de Emília Perez, ambas terão um destino rodeados por sonhos a serem realizados.
Um dos filmes mais aclamados do Festival de Cannes 2024, o musical francês Emília Perez foi para o olimpo da consagração após ganhar dois prêmios significativos na riviera francesa. No entanto, quando entrou no catálogo da Netflix dos Estados Unidos, os problemas da obra de Jacques Audiard iniciaram. Diferente da indústria que abraçou o filme, a popularidade lançou problemáticas que vai desde a falta de representatividade mexicana a exploração do tema da transexualidade. E as declarações desastrosas do diretor e de sua estrela (espanhola) só jogaram mais combustível no incêndio. O que é lamentável pois o filme parece ter sido esquecido. Deixado de lado. E confesso que gostei muito do filme - e compreendo o barulho por parte de nomes fortes do cinema, de James Cameron a Guillermo del Toro. Fugindo da dura realidade mexicana, em particular a violência da América Latina, o diretor foi feliz ao inserir o escapismo dos musicais justamente por não ser um mexicano (ou latino). O diretor lança um olhar curioso sobre a busca da redenção e a criação de mitos de uma forma singular. Me fez recordar de Glauber Rocha ao texto de Dias Gomes do clássico da telenovela brasileira Roque Santeiro.
Mas o filme apresenta problemas como roteiro que apresenta alguns diálogos toscos como na cena em que Selena Gomez demonstra excitação sexual. E por falar dela, sua personagem se torna mais uma distração do que um elemento forte na narrativa. Em compensação chama atenção o ótimo trabalho técnico como a colorida fotografia de Paul Guilhalme (o que se espera de um musical); as canções são boas; e a direção criativa de Jacques Audiard que usa e abusa de ótimos movimentos de câmara, e na mistura de diálogo e música. E a cereja do bolo fica no ótimo duelo entre Zoe Saldana e Karla Sofia Gascón. Aqui elas dão vida a personagens que lutam constantemente e apresentam coragem na busca por uma segunda chance na vida. Enquanto Zoe Saldana surpreende ao dar um peso dramático e canta muito bem, Gascón demonstra uma segurança magistral as mudanças da protagonista. Mesmo com todas as suas qualidades, Emília Perez de musical diferente se se tornou com curioso caso de um filme que alimentou uma rejeição tremenda pela América Latina (que tem a sua razão de existir), somado a uma campanha de divulgação das mais incompetentes nos últimos anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário