(Brasil, 2024)
Direção: Érico Rassi
Elenco: Angelo Antônio, Babu Santana, Rodger Rogério, Daniel Porpino.
Direção: Érico Rassi
Elenco: Angelo Antônio, Babu Santana, Rodger Rogério, Daniel Porpino.
Toto é o dono de uma simples mercearia é uma região miserável do interior de Goiás. Mas a sua rotina muda em virtude de uma sede de vingança após a sua companheira trocá-lo por outro homem chamado Durval. Toto jura ao inimigo que a sua morte foi encomendada ponto e assim, a emboscada inicia entre os dois homens na luta pela sobrevivência.
Faroeste é um gênero de Hollywood por excelência mas que sempre atraiu cineastas de vários pontos do mundo: do japonês Kurosawa ao italiano Leone. E se os gênero ganhou um novo fôlego chamado neo-western entre as décadas de 2000 a 2010 com sucesso como Onde os Fracos Não Tem Vez e A Qualquer Custo - um cineasta de Goiás ousa a utilizar elementos clássicos desse gênero e realiza uma das obras mais originais e divertida dos últimos anos do cinema brasileiro. Em Oeste Outra Vez, Érico Rassi (diretor de outra obra que bebe no faroeste, Comeback) convida o público a embarcar em um universo tão insólito ao expor a vulnerabilidade do homem diante do empoderamento feminino. Não é para menos que o único momento em que mostra uma mulher no filme, a atriz Tuanny Araújo aparece desfilando - e pouco se lixando a violência dos seus parceiros.
Oeste Outra Vez retrata uma região árida, seca, lindamente fotografado por André Carvalheira que reflete o ódio e desespero de homens que recusam a solidão. As cenas noturnas podem atrapalhar a imersão na história mas tem uma justificativa: o ego segue dos protagonistas. Os personagens masculinos poderiam cair na caricatura facilmente mas o roteiro fantástico trata com humanidade homens com bastante testosterona mas que não aceitam a realidade. Toto e Durval são dois tolos passionais que lutam por uma mulher que já virou a página (e provavelmente está em outra relação). Assim, o pistoleiro/jagunço Jerominho rouba cena ao representar a consciência e o absurdo de sua missão; e que revela o seu triste e doloroso passado no timing perfeito de Rodger Rogério que oscila entre melancolia e humor com propriedade.
O filme brinca com o tempo em que se passa a história pois os personagens e o próprio lugar parece ter parado no tempo em que os atuais celulares e um antigo orelhão convivem juntos. Dá a impressão de um lugar abandonado o que reflete a carência dos protagonistas. Mas o ponto alto é o seu surpreendente senso de humor. Érico Rassi não tem vergonha de expor o ridículo de homens criando um jogo de violência por pura infantilidade. Assim, o filme se assemelha a outra obra-prima dos irmãos Coen, Fargo (que tem um DNA no neo-western).
Outra descoberta deliciosa é como os clássicos da música brega (e bastante presente no filme) recordam o estilo do mestre Ennio Morriconi, o que só aumenta o charme e também aproxima o público a este mundo abandonado.
Oeste Outra Vez dosa com perfeição a violência, a truculência de corações partidos associado a um senso de absurdo em um universo hostil e tremendamente viril. Uma baita surpresa do cinema brasileiro
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