



O título do filme vem da parábola bíblica chamada Torre de Babel, em que o homem queria construir uma torre que alcançasse o céu. Deus, desgostoso com a idéia, joga uma praga aos homens: todos dessa torre falariam línguas diferentes. E assim, nunca mais poderiam se comunicar. O diretor mexicano Iñárritu (como Deus) também conduz a confusão que assola os seus personagens, tanto emocional (a surda-muda japonesa), quanto cultural (a família de marroquinos) ou político (a empregada mexicana ilegal) e até mesmo amorosa (o casal americano). Mesmo sendo bem dirigido e orquestrado (bela trilha, ótimos atores), o diretor fez o filme mais fraco da sua trilogia, iniciada pelo ótimo Amores Brutos e o excepcional 21 gramas. E também o mais acessível. O grande problema é que a ambição (ou o ego) dos realizadores do projeto foi maior que o contexto (o tema a ser explorado) da obra. A intenção do diretor era fazer um filme “profundo, contemporâneo e para massas”, mas acaba lembrando propaganda de político brasileiro: promete, mas não cumpre.
Saber mais do enredo seria estragar as surpresas que o filme reserva para o público. Mas vale ressaltar que esse é o trabalho mais maduro e intrigante do cineasta Gregg Araki. Cineasta que é lembrado pelos seus filmes provocativos e transgressores nos anos 90 (Estrada Para Lugar Nenhum, Splendor). Mas que nesse seu novo trabalho, ele equilibra bem o tom provocador com uma postura mais séria, percorrendo o mesmo caminho que o espanhol Pedro Almodóvar esta fazendo atualmente. Mas se o espanhol envereda pelo surreal, o diretor americano surpreende pela tristeza e melancolia do seu enredo. Uma típica obra que deixa um sabor amargo na boca.