sábado, março 10, 2007

Babel

O filme “Babel” conta quatro estórias que têm uma conexão: um rifle. Em Marrocos, dois garotos ganham um rifle para proteger o rebanho de cabras dos ataques dos coiotes. E durante o seu serviço, eles testam o alcance dos tiros da arma. E um dos tiros acaba atingindo, acidentalmente, um ônibus de turismo. Dentro desse ônibus, um casal americano joga todas as suas fichas nessa viagem, na busca de uma segunda chance ao seu fadado casamento. Até que a esposa é atingida gravemente por uma bala perdida. Nos EUA, os filhos desse casal estão sob os cuidados da empregada, uma imigrante mexicana ilegal, que tem a infeliz idéia de levar as crianças ao México para o casamento de seu filho. E no Japão, uma adolescente usa o sexo como uma forma de escapismo para lidar com o recente suicídio de sua mãe, e pela sua dificuldade de lidar com as outras pessoas por ser surda-muda.

O título do filme vem da parábola bíblica chamada Torre de Babel, em que o homem queria construir uma torre que alcançasse o céu. Deus, desgostoso com a idéia, joga uma praga aos homens: todos dessa torre falariam línguas diferentes. E assim, nunca mais poderiam se comunicar. O diretor mexicano Iñárritu (como Deus) também conduz a confusão que assola os seus personagens, tanto emocional (a surda-muda japonesa), quanto cultural (a família de marroquinos) ou político (a empregada mexicana ilegal) e até mesmo amorosa (o casal americano). Mesmo sendo bem dirigido e orquestrado (bela trilha, ótimos atores), o diretor fez o filme mais fraco da sua trilogia, iniciada pelo ótimo Amores Brutos e o excepcional 21 gramas. E também o mais acessível. O grande problema é que a ambição (ou o ego) dos realizadores do projeto foi maior que o contexto (o tema a ser explorado) da obra. A intenção do diretor era fazer um filme “profundo, contemporâneo e para massas”, mas acaba lembrando propaganda de político brasileiro: promete, mas não cumpre.

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