O filme “Linha de Passe” conta a estória de uma família pobre que mora numa periferia de São Paulo convivendo com a dura realidade, mas também com os seus sonhos e desejos. Para começar tem a chefe da família, Cleuza, corinthiana roxa que trabalha como empregada doméstica, mas que por conta da sua gravidez (a quinta!) está prestes a perder o emprego. E os seus filhos a estória não é diferente. Dinho trabalha num posto de gasolina, e tenta manter a dignidade através da fé (ele é evangélico). Já Dênis é um motoboy mulherengo que vive “liso” por causa das prestações da moto. Dário sonha em ser jogador de futebol, mas não consegue passar nos testes (peneiras) por ser considerado “velho”. E o caçula Reginaldo gosta de matar aula para andar de ônibus, a procura do seu pai desconhecido, que é motorista de ônibus.
A triste realidade assola o novo trabalho da dupla Walter Salles e Daniela Thomas (Terra Estrangeira). Enveredando pelo melodrama, os diretores se sobressaem pela ótima montagem, que lembra bastante o estilo de cineastas como Iñárritu (Amores Brutos) e Meirelles (Cidade de Deus). Mas o seu principal mérito vai para o elenco, que é um verdadeiro achado. Se Sandra Coverloni ganhou o prêmio de atriz em Cannes, isso se deve a ótima química do elenco, especialmente Kaique de Jesus Santos no papel do Reginaldo – que para a minha pessoa é o grande personagem do filme. Um garoto teimoso e encrenqueiro, mas ingênuo e inocente que aos poucos vai perdendo as esperanças de achar o pai (a fuga de sua vida ordinária) para se deparar com um futuro incerto.
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