quarta-feira, agosto 05, 2009

Lavoura Arcaica

O filme “Lavoura Arcaica” conta a estória de André, um rapaz que se isola de tudo e de todos em uma pensão. Porém, ele recebe a visita de seu irmão, Pedro, que está a sua procura por conta de um objetivo: levá-lo de volta para casa. Mas o encontro entre os irmãos não é nada agradável. André surpreende pelo seu comportamento hostil, e informa a Pedro o verdadeiro motivo de ter abandonado a família. Mesmo ouvindo verdades que machucam, Pedro não desiste da idéia de retornar ao lar ao lado de André.


Assistir ao primeiro filme de Luíz Fernando Carvalho não é uma experiência fácil. Longo, lento e um texto extremamente poético, a adaptação do livro de Raduan Nassar é uma das obras mais viscerais que o cinema nacional apresentou recentemente. Com uma linguagem que explora prosas, poemas - nada de diálogos reais, naturais - a obra tem um tom extremamente teatral que pode incomodar muita gente. Mas o filme é uma aula de produção técnica. Tudo está no seu devido lugar. E o que faz a diferença são as idéias ousadas do diretor, que deixou bem claro que fez o filme do jeito que queria, pois a obra transborda personalidade (em certos momentos, o filme me fez lembrar o lindo trabalho da diretora Jane Campion em O Piano). Luíz Fernando Carvalho cria imagens belíssimas, como a cena do lago, e também a emocionante conversa entre o pai e André após o seu retorno. Mesmo que as vezes o filme exagere na teatralidade, o seu enredo me chamou a atenção por lembrar o livro O Apanhador no Campo de Centeio de J. D. Salinger, em que tanto Holden como André estão soltos num mundo em busca de uma resposta para o seu inconformismo. Mas também mostra o sufocamento que relações familiares extremas (o autoritarismo do pai versus o amor incondicional da mãe versus a paixão pela própria irmã) podem causar.

Nenhum comentário: