terça-feira, setembro 07, 2010

A Origem

Se a realidade sufoca, então sonhamos. Nos sonhos, temos liberdade, podemos fazer tudo. Se acontecer alguma bobagem, é só acordarmos e rimos de nós mesmos. Mas segundos depois a realidade vem à tona. Ok, isso tudo é bobagem, todos nós sabemos disso, pois passamos por isso quase todas as noites, mas o diretor inglês Christopher Nolan foi além e criou um pesadelo (no bom sentido) na qual uma equipe se especializa em entrar nos sonhos de outras pessoas, melhor, pessoas influentes, para roubar segredos corporativos. Cobb, o chefe do bando vivido por Leonardo DeCaprio é um foragido da justiça acusado pela morte da esposa, porém, ganha um desafio diferente: entrar na cabeça de um filho de um industrial que acabara de assumir uma grande corporação em conta da morte do pai. O seu objetivo é criar uma ilusão que influencie numa mudança de comportamento do novo presidente da empresa em relação ao empreendimento.
Com um enredo incomum, o seu formato também reflete esse conceito bebendo em várias fontes como Matrix (por mostrar um mundo alternativo), Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (a dor da perda em vários estágios de consciência), Solaris (a presença da esposa morta que deixa o protagonista em maus lençois) ao criar vários mundos, melhor, sonho dentro de um sonho. Com um enredo rico e intrigante, A Origem é uma obra que o público tem que grudar o olho na tela para não se perder. Interessante notar como esse trabalho é a cara do Nolan, pois ele está se especializando em estórias complexas, ricas e densas e com uma dramaticidade tocante e formato incomum como Amnésia, Batman - O Cavaleiro das Trevas (para mim, o melhor filme do diretor), Insônia. Além disso, ele demonstra domínio nas cenas de ação, perseguição de carros e no uso de efeitos visuais criativos. Com uma ótima trilha sonora de Hans Zimmer e um design de produção inteligente (cada sonho tem um visual que reflete a personalidade do sonhador). O elenco está muito bom, destaque para Tom Hardy como Eames. A convite de comparação, ainda acho Matrix superior, mas A Origem também tem uma grande qualidade que é fazer o público pensar sobre o enigmático e complexo enredo, pois é uma obra que mostra como temos concepções diferentes sobre uma mesma estória, incluindo o seu ambíguo final.

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