quinta-feira, janeiro 06, 2011

Tropa de Elite 2


Nunca testemunhei que o cinema nacional produzisse uma sequência tão boa quanto o original. Mas em tudo existe uma primeira vez, e Tropa de Elite se tornou uma ótima franquia. Se no primeiro filme, a obra denunciava a participação dos jovens que consumiam drogas inocentimente, mas que na verdade tornava o tráfico mais poderoso; além de criar a figura farcista como o Capitão Nascimento como ícone da cinematografia brasileira. Para não perder o fio da meada, o diretor José Padilha foi inteligente ao abordar novos temas na continuação como o poder das milícias e da corrupção política no caldeirão violento que o Rio de Janeiro se transformou, e que está exportando para as outras partes do Brasil. Após uma desastrada tentativa de conter um motim numa penitenciária, Cápitão Nascimento é exonerado do Bope. Mas como o seu trabalho recebeu boa repercussão entre a população e a mídia local, o governador do Rio o nomeia para trabalhar na secretária de segurança do estado. Com o passar do tempo, Nascimento consegue conter o poder do tráfico, mas com um fim de problema, nasce outro. No lugar dos traficantes surgiu a figura das milícias, policiais corruptos que estorquem a população local; como o estado não existe nesse território, as milícias tomam o poder nas favelas cariocas com a conveniência dos políticos que descobrem uma ótima maneira de criar um curral eleitoral.
Claramente inspirado nos grandes filmes sobre a máfia vide O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros (um filme que referencio), Padilha faz um trabalho sensacional tecnicamente: montagem, fotografia, trilha sonora, sonoplastia (fundamental em conta da narração em off de Nascimento). Aliás, o diretor poderia ter sido mais ousado se colocasse legendas na narração do personagem de Wagner Moura, pois as vezes as nossas salas de cinema tem péssimo som, seria uma ótima forma de denunciar que existem cinemas que tem uma tecnologia ultrapassada. Mas o filme não seria o mesmo sem a atuação, melhor presença do ator baiano como Nascimento. Vai ser dificil tentar separar a figura do ator com a persona, será um enorme desafio para o Wagner nos próximos anos, mas a sua atuação é incrivel: a sua corcunda, o seu ar calmo que do nada explode na tela. O cara tem presença e evoluiu na sequência. Confesso que assisti esperando alguma decepção, mas fiquei surpreso pois o filme não parece ser fruto do nosso cinema, é um corpo estranho as produções locais, mas que mostra como existe profissionais que tentam criar filmes de ótima qualidade e acessíveis a qualquer tipo de público. Positivo, operante.

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