sexta-feira, maio 06, 2011

Bruna Surfistinha



Alguém lembra de Cristina F. 13 anos, Drogada e Prostituida? Pois é, volta e meia aparece uma obra que decide mostrar uma garota que tem tudo na vida, mas que por alguma circunstância entra para o lado negro da vida ou da sociedade. Se o livro alemão retrata o vício e suas consequências na vida de uma garota e a sua descida ao inferno, tornando um best sellers daqueles, outros exemplares beberam da mesma fonte. No Brasil, o destaque fica por conta de O Doce Veneno do Escorpião, baseado nas memórias de Raquel Pacheco, que rodava a bolsa sob o pseudônimo de Bruna Surfinha. E em conta do sucesso do livro, não demorou muito para ser adaptado para as telas do cinema. A estória: garota que se sente deslocada na escola e em casa (o fato de ser adotada piora as coisas) decide cair no mundo e procurar a felicidade e independência na prostituição. No começo ela trabalha num bordel que funciona num prédio velho. Aos poucos, Bruna (seu nome de guerra) vai conquistando os clientes por ser uma profissional bastante produtiva, além da carinha de adolescente safada. Como o mundo é grande e o ego idem, Bruna sai da espelunca e dar uma de empreendedora se responsabilizando pelo próprio trabalho utilizando uma ferramenta inusitada: a internet. Através de um blog, ela faz anotações da sua rotina de prostituta chamando atenção não somente de homens e mulheres, mas também da mídia, se tornando uma sensação da web. Com a fama, a garota entra em uma queda visceral ao torrar o dinheiro no vício de cocaína e no custo cada vez mais alto de vida.

Bruna Surfistinha é o primeiro filme de Marcus Baldini, o que simboliza que o rapaz não tem medo do material e fez um filme correto (tem muitas cenas de sexo, mas não é pesado demais), sem ambições, não vai mudar a vida de ninguém, mas o diretor mostrou ter gás para boas produções futuras. E olha que vi um certo humor involutário na obra como a cena em que as prostitutas andam na rua com um monte de tralha na cabeça após terem sido expulsas de um salão de beleza chique; e também na cena em que Bruna "ajuda" uma colega a decorar a letra da música "Listen To Your Heart" da Roxette. Mas confesso que gostei da trilha sonora, tanto na seleção de músicas (o filme começa com "Time of the Seasons" do The Zombies e termina com "Fake Plastic Trees" do Radiohead) como a instrumental de Gui Amabis, Rica Amabis e Tejo. Mas não se pode falar do filme sem mencionar a atuação de Deborah Secco. Realmente a garota nasceu para o papel, muito a vontade na jornada da personagem e olha que a Drica Morais tá ótima como a cafetina que lhe dá o seu primeiro emprego. Pena que o filme seja convencional, mas é uma boa pedida.