domingo, maio 08, 2011

A Fita Branca



Eu vi em algum lugar que o cineasta alemão Fassbinder afirmava que numa relação amorosa existe o dominador e o dominado. Perante a essa visão fria das relações amorosas, o filme A Fita Branca (um dos filmes mais acessíveis de Michael Haneke, algo surpreendente por ser um profissional extremamente racional) parece refletir o pensamento do cineasta alemão ao recriar uma vila no interior da Alemanha nas vésperas da Primeira Guerra Mundial. Ao abordar a hierarquia do poder em que a autoridade coercitiva desenfreada pode trazer sérias consequências vide na relação social, familiar, amorosa. Ou seja, num ambiente sufocante, as pessoas se sentem a vontade de realizar coisas, fatos cruéis.
Sob o ponto de vista de um professor, narra-se estranhos acontecimentos em um aparente pacato vilarejo: um médico ao chegar em casa a cavalo sofre um estranho e intencional acidente, mas sobrevive. No dia seguinte, a esposa de um funcionário de uma fazenda também sofre um estranho acidente de trabalho e sucumbe. Perante o falecimento da mãe, um de seus filhos culpa o dono da fazenda pela morte e decide se vingar, seqüestrando e torturando o filho do fazendeiro.
Retratando um mundo que definitivamente entrou em uma era das trevas, Haneke faz um ótimo trabalho sobre a violência, o jogo de poder entre as pessoas chegando as últimas conseqüências no decorrer dessa relação. Com uma perfeita fotografia (Christian Berger, indicado ao Oscar) em preto e branco que realça através do visual claustrofóbico um ambiente sombrio, ressaltando a sordidez, o mal, o que faz lembrar da questão do ovo da serpente. Ou seja, tenta responder como um povo tão racional, instruído, aceitou ser passivo as atrocidades cometidas décadas depois (Hitler e o seu plano de eliminar todas as raças para vangloriar a raça ariana).

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