sábado, setembro 03, 2011

Inverno da Alma



A América é conhecida pela terra da oportunidade, da liberdade, igualdade entre homens e mulheres; da mesma forma pela pujante classe média que vive confortavelmente em suas casas sem muros em um pacato e seguro subúrbio. Diante dessa imagem comum, o filme Inverno da Alma exibe um outro lado. Logo de cara mostra crianças brincando em um quintal descuidado, sujo. Esse é o cenário da adolescente Ree Dolly, uma garota de 17 anos que tem que cuidar dos irmãos mais novos e de sua mãe doente. Vivendo com ajuda da comunidade, Ree e sua família vivem como podem. Mas o pior está por vir. Um policial aparece em sua porta com uma péssima notícia: se o seu pai, um traficante foragido, não comparecer ao tribunal onde vai ser julgado, a casa da família será penhorada. Desesperada, Ree luta contra o tempo em busca do seu pai, mas para atingir esse objetivo a garota lidará com pessoas perigosas, da pior estipe, que tem contas a acertar com o seu pai.
Com uma ótima fotografia em tons escuros (a luz do Sol é um elemento que não existe neste cenário) e uma quase onipresente trilha sonora, o filme de Debra Granik (seu primeiro trabalho) expõe com sensibilidade, coragem e amargura a via crucis de Ree, uma garota dura na queda, que está habituada a hostilidade do lugar e de seus habitantes. Se de início o filme mostra Ree vivendo num mundo em que os homens dominam as mulheres; na metade por fim esse raciocínio é jogado por água abaixo, literalmente, na impressionante cena do lago. Com um ótimo elenco (fiquei feliz de rever a eterna Laura Palmer de Twin Peaks, a atriz Sheryl Lee atuando) em destaque para a dupla Jennifer Lawrence e John Hawkes, que merecidamente concorreram ao Oscar de atriz e ator coadjuvante.