sábado, outubro 01, 2016

O Pântano

(La Ciénaga, Argentina/Espanha/França, 2001)
Direção: Lucrecia Martel
Elenco: Graciela Borges, Mercedes Móran, Sylvia Bayle, Martín Adjemián

O cinema argentino é sempre lembrado pelos melodramas bem conduzidos - uma característica bem latina. Mas o filme O Pântano vai na contramão, e com uma pegada mais fria, e uma montagem solta, atípica, expõe uma família classe média típica argentina que vive (ou só está passando o carnaval) em um sítio em meados dos anos 90. Recordando o estilo Robert Altman, a diretora Lucrecia Martel exibe uma família que não perde a arrogância do seu status social diante de um abismo que separa pais possessivos (e distantes sem perder a pompa) e filhos mimados sem perspectiva, uma relação que deixa feridas/cicatrizes - a começar pela mãe que se machuca com os cacos de vidro quebrado no início da obra. E ainda alfineta o preconceito vide classes sociais e da relação com os descendentes indígenas. O Pântano não é uma obra fácil - de fato é mais perturbador e incômodo - mas ganha força ao alfinetar as relações familiares e sociais; uma realidade que o Brasil conhece muito bem.

Nenhum comentário: