sexta-feira, janeiro 05, 2018

A Bela da Tarde

(Belle de Jour, França/Itália, 1967)
Direção: Luis Buñuel
Elenco: Catherine Deneuve, Jean Sorel, Michel Piccoli, Geneviève, Page.

A obra de Joseph Kessel se transformou no material perfeito para o mestre do surrealismo, Luis Buñuel, cutucar com gosto as convenções sociais, tornando a sua exibição proibida em vários países na época do seu lançamento. E somente Catherine Deneuve (mais linda do que nunca) poderia dar vida a uma burguesa entediada Séverine; uma jovem casada absurdamente frígida e que por puro impulso decide trabalhar em um bordel de Paris.
Com uma produção impecável, e uma Deneuve podre de chique, torna tudo tão fantasioso, sedutor, que o público fica na dúvida o tempo todo se é sonho ou realidade. E nessa ambiguidade, o diretor deita e rola ao transformar na sua primeira parte em uma ótima comédia maliciosa mas que aos poucos vai perdendo o controle exatamente como nos sonhos! E achei incrível a ausência de trilha sonora, só em determinados momentos que surge som de uma antiga caixinha de música o que torna tudo mais onírico.
Provocativo, A Bela da Tarde se tornou um enigma ao cobrar do público o que de fato está acontecendo na tela - Severine versus A Bela da Tarde - mas compreendendo as ações de uma jovem católica criada nos moldes rígidos, e que no seio do casamento tem dificuldade em lidar com sexo. De longe um dos trabalhos mais acessáveis do diretor, e também um dos melhores.

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