quarta-feira, julho 10, 2019

Dor e Glória

(Dolor y Gloria, Espanha, 2019)
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Asier Etxeandia, Leonardo Sbaraglia, Penélope Cruz.

Ultimamente o cinema de Pedro Almodóvar deu uma decaída - mesmo que eu tenha gostado de Julieta (2016) - em conta de humor envelhecido ou num trabalho raso. Mas em seu último filme, Dor e Glória, o mestre realiza uma obra autobiográfica e finalmente retorna ao vigor de antes. Com ar de 8 e 1/2 de Fellini mas com uma explosão de cores tipica do diretor (a cozinha do protagonista tem azulejo azul claro com armário vermelho vivo), Dor e Glória relata um cineasta de sucesso mas assombrado por dores físicas e mentais (uma clara conexão mal resolvida com a sua mãe; as dores amorosas; e as cobranças da carreira). Com sua competência habitual, Almodóvar realiza um filme até pudico sem as suas habituais provocações, o que pode frustrar os seus fãs mas o seu tom contido dá espaço suficiente para o seu elenco brilhar, especialmente Antonio Banderas que mesmo numa atuação reservada demonstra carisma e carinho como o alter-ego Salvador Mallo. Ao abordar memórias e velhice, Dor e Glória não é uma oba-prima como Fale com Ela ou Tudo Sobre Minha Mãe mas não faz feio diante de cenas poderosas como os diálogos com a mãe envelhecida, e no monólogo sobre as decepções do amor.

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