domingo, abril 05, 2020

A Doce Vida

(La Dolce Vita, Itália, 1960)
Direção: Federico Fellini
Elenco: Marcello Mastroianni, Yvonne Furneaux, Anita Ekberg, Alan Cuny

Antes de ser cineasta, o mestre Fellini foi jornalista em Roma. E com essa bagagem, o diretor criou o mítico A Doce Vida. Um super charmoso Marcello Mastroianni entra no rol dos grandes atores ao personificar o auto ego do diretor; um paparazzi sedutor especializado em matérias sensacionalistas, e observando o vazio e o desespero dos romanos, além de testemunhar burgueses na orgia sem repressão. Roma de Fellini é devasso e sagrado. Mas com um toque pessoal é um no fantástico - graças aos impressionantes movimentos de câmera em que vários personagens pulam para a tela - o diretor não tem medo de expor os seus medos, imperfeições e mostra os seus problemas familiares (a ausência do pai), o tédio, a melancolia e o senso de deslocamento como Marcello infeliz com a sua profissão; a namorada desequilibrada;  a atriz sueca sinônimo de beleza mas que é mal tratada pelo amante; o amigo que simboliza a maturidade e a sensatez mas que tem um fim trágico. Em A Doce Vida as pessoas precisam representar algo que não lhe convém para poder viver. Roma é um caldeirão de pessoas, culturas que fascina aos mais desavisados mas por dentro mostra seres se esforçando para sair dos seus casulos. Sem dúvida um filme que representa toda a inquietação que foi a década de 60. Aos olhos de hoje não é um filme fácil mas indispensável e atual ao imprimir a loucura da sociedade de uma forma original.

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