sábado, fevereiro 05, 2022

A Mão de Deus

(È Stata La Mano di Dio, Itália, 2021)
Direção: Paolo Sorrentino
Elenco: Filippo Scotti, Toni Servillo, Teresa Saponangelo, Luisa Raniere.

O filme mais famoso do italiano Sorrentino é o badalado A Grande Beleza. Vencedor de vários prêmios em 2013, incluindo o Oscar de melhor filme internacional, elevou o nome do diretor no panorama do cinema mundial. E realmente o filme é belíssimo com lindas imagens associadas a uma fotografia espetacular de Luca Bigazzi e somado a um estilo que cita e homenageia o grande Fellini. Mas admito que assisti uma única vez - e faz tempo - e a obra tinha algo que me decepcionou. Em outras palavras achei que o diretor foi artificial ao abordar a decadência da elite de Roma à lá A Doce Vida. Como os tempos são outros, sinto que preciso rever a sua obra máxima após assistir A Mão de Deus.
E aqui, o diretor vai a cidade de Nápoles dos anos de 1980 e conta a estória de Fabietto, um jovem saindo da adolescência e dando os primeiros passos para a maturidade com as suas dúvidas comuns a idade (profissão, futuro), e sua relação com a sua família tipicamente italiana. O protagonista tem uma bela relação com os pais e o irmão mais velho - e também expõe os seus parentes divertidos e excêntricos, especialmente a sua tia sensual mas mentalmente instável. Mas a rotina da cidade muda com a chegada do craque do futebol Maradona (também chamado de A Mão de Deus) para o time de Napoli, e ao mesmo tempo, Fabietto terá que suportar uma tragédia pessoal.
A Mão de Deus é baseado nas memórias do diretor em que Sorretino faz uma bela homenagem a cidade de Nápoles com a sua mistura poderosa de sua natureza paradisíaca com a sua arquitetura antiga e contemplativa. E aqui mais uma vez o cineasta faz referência a Fellini (particularmente Amarcord) ao mesclar a beleza de Nápoles com a excentricidade dos personagens, mas de uma forma mais contida do que apresentado em A Grande Beleza, porém o suficiente para tornar o filme solar. Se nas mãos de outro diretor a estória poderia enveredar por um caminho mais triste e melancólico; Sorrentino percorre o caminho mais suave ao introduzir elementos diferentes como é o caso da fascinação dos napolitanos pelo craque Maradona no dia a dia de uma cidade encantada pelo futebol. E até usa ao seu favor a caricatura do típico italiano (fala alto, passional, muita expressão corporal) para tornar a obra um bonito retrato de um jovem que é forçado a amadurecer em virtude das circunstancias da vida. Sinceramente, o público já viu esse filme antes - o diretor não criou algo singular - mas Sorrentino usa ao seu favor a cultura italiana e as lindas locações napolitanas ao falar de um jovem que terá que lidar e descobrir o mundo com as suas próprias pernas. E isso é de encher os olhos.

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