terça-feira, maio 10, 2022

Downton Abbey II: Uma Nova Era

(Downton Abbey: A New Era, Inglaterra, 2022)
Direção: Simon Curtis
Elenco: Maggie Smith, Hugh Bonneville, Jim Carter, Dominic West.

Em 1928, dois acontecimentos tiram o sossego do lar dos Crawley. Primeiro, a família recebe com desconfiança a notícia de que a matriarca, Violet Crawley, herdou de graça a muito tempo uma vila na charmosa Riviera Francesa. Segundo, a família aceita - a contragosto inicialmente - a proposta de um produtor de cinema em emprestar a mansão como cenário e locação de um filme.
Fenômeno da televisão na década passada, Downton Abbey é na verdade uma espécie de releitura do último grande filme do mestre Robert Altman, O Assassinato em Gosford Park (2001). Para ser mais exato, o roteirista de Gosford Park, Julian Fellowes, é o criador da série mas que aqui deixou de lado o suspense à lá Agatha Christie e focou nas mudanças políticas e sociais na Europa do início do século XX, particularmente na relação entre patrão e empregado. No entanto, esta nova investida cinematográfica perdeu graça pois transformou os personagens trabalhadores em mero fantoche, e o drama do patrão em uma bobagem. A produção continua impecável com um design de produção e figurino de encher os olhos. O elenco está bem como de costume mas aqui abriram terreno para Maggie Smith brilhar já que a sua língua continua afiada associada a um fato do passado que expõe a sua vulnerabilidade. O que chama a atenção é que a produção deixou de lado o contexto político e social do fim dos anos 1920 e relata a transição do cinema mudo para o cinema falado. O tema cinema pode ser interessante mas o filme perdeu o caminho ao anular um dos seus principais pilares: o drama da classe trabalhadora e os seus dilemas antes da crise econômica de 1929 e consequentemente o início dos primeiros sinais da Segunda Guerra Mundial. No fim da sessão matou a saudade para quem curtia a série (como foi o meu caso) mas depois a obra caiu no esquecimento pois focou em uma mixagem de tramas bobas ao invés de retratar um momento importante da história do século XX.

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