segunda-feira, junho 05, 2023

Noites Alienígenas

(Brasil, 2022)
Direção: Sérgio de Carvalho
Elenco: Chico Diaz, Gabriel Knoxx, Adanilo Reis, Joana Gatis.

Na periferia da capital do Acre, Rio Branco, somos apresentados a um pacato traficante de droga local chamado de Alê, o seu subordinado e ambicioso Riva (e consequentemente a sua namorada Sandra e a sua mãe Beatriz), e por fim ao usuário de drogas Paulo que se afundou de vez no vício (e ex-companheiro de Sandra). 
A primeira produção do Acre a vencer o Kikito de melhor filme no Festival de Gramado 2022 chama atenção em expor a diversidade da periferia de Rio Branco (o que poderia ser facilmente encontrada em outras cidades do país). A crueza do funk com a sensualidade do carimbó; o sincretismo dos costumes indígenas com a forte presença da igreja evangélica; a busca pelo empoderamento das minorias (negros, pobres, gays e transexuais). Mas o seu o alvo é a violência gerada pelo comércio das drogas. Neste tópico foca em três pontos: o chefe do tráfico, o traficante e o usuário. O primeiro retratado com maneirismo (e brilhantismo) por Chico Diaz que transforma Alê em uma espécie de Dom Corleone que sempre atuou no ramo ilegal mas de uma forma comedida e à sua maneira (ajuda outras pessoas e oferece drogas de graça quando lhe convém). O seu comportamento é reprovado pelo traficante Riva que não vê mais futuro com o Alê, e decide trabalhar por uma facção criminosa de fora que atua de forma repressora e violenta. E por fim o usuário Paulo (interpretado com naturalismo impressionante de Adanilo Reis) que não consegue se desligar do vício o que gera um enorme desapontamento a si e aos que estão em sua volta.
Noites Alienígenas é um retrato da omissão do Estado perante a tudo que o pobre favelado representa no Brasil: a busca constante pela sua identidade e dignidade em um país que faz questão de marginalizar e diminuir; a violência das organizações criminosas que se sentem mais a vontade de expor a sua dominação sem limites (afinal a elite não se interessa com o que acontece nas periferias).O segundo filme de Sérgio de Carvalho é uma boa denúncia e também um retrato pulsante sobre um microcosmo de uma pequena grande realidade brasileira.

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