terça-feira, dezembro 31, 2024

Nota do Blog - Os Melhores Filmes do Ano

Finalmente o ano de 2024 está dando adeus. E depois de uma ótima safra em 2023, o ano atual termina com filmes mais medianos o que refletiu em um fraco desempenho nos festivais. O ano também representa fracassos monumentais de grandes produções do cinema autoral como Coringa: Delírio a Dois de Todd Phillips, Horizan - Uma Saga Americana de Kevin Costner, e principalmente um dos mais aguardados da temporada: o retorno de Francis Ford Coppola em Megalópolis. Mesmo assim, a temporada teve boas surpresas como o denso drama dinamarquês A Garota da Agulha de Magnus von Horn, a energia do irlandês Kneecap - Música e Liberdade de Rich Peppiatt, o lirismo português de Grand Tour de Miguel Gomes, o original thriller britânico Love Lies Bleeding - O Amor Mata de Rose Glass, e as obras estadunidenses a começar pelo surpreendente musical Wicked - Parte 1 de Jon M. Chu, a elegância do cinema clássico de O Brutalista de Brady Corbert, a emocionante animação da DreamWorks Robô Selvagem de Chris Sanders, e a crítica desconcertante da sociedade americana de Jurado N⁰ 02 de Clint Eastwood.


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MELHORES FILMES DE 2024:

Ainda Estou Aqui (Brasil) de Walter Salles
Anora (EUA) de Sean Baker
Emilia Pérez (França) de Jacque Audiard
Flow (Letônia) de Gints Zilbalodis
O Quarto ao Lado (Espanha) de Pedro Almodóvar
Rivais (EUA) de Luca Guadagnino
A Semente da Figueira Sagrada (Irã) de Mohammad Rasoulof
A Substância (Inglaterra) de Coralie Fargeat
Tudo Que Imaginamos Como Luz (Índia) de Payal Kapadia
Verdades Duras - Hard Truths (Inglaterra) de Mike Leigh


FELIZ NATAL 
E UM ÓTIMO ANO NOVO

sexta-feira, dezembro 20, 2024

Destaques nos Cinemas

O CONDE DE MONTE CRISTO

(Le Comte de Monte-Cristo, França, 2024) de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte
Drama. Vítima de uma emboscada, homem retorna a sua região em busca de vingança após 14 anos.



QUEER
(EUA/Itália, 2024) de Lucca Guadagnino
Drama. Americano que vive na Cidade do México tem uma relação intensa com um jovem compatriota.





UM HOMEM DIFERENTE
(A Different Men, EUA, 2024) de Aaron Schimberg
Suspense. Após fazer uma cirurgia, homem fica obcecado com um rapaz que tem a mesma condição física que a dele.

domingo, dezembro 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

A BELA DA TARDE
(França, 1967) de Luis Buñuel
Mubi
Drama. Para acabar com o tédio, burguesa decide trabalhar em um bordel de Paris.



O BEIJO NO ASFALTO

(Brasil, 1981) de Bruno Barreto
Mubi
Drama. Após atender um inusitado desejo de um desconhecido, homem sofre um ferrenho preconceito.



DAHOMEY
(Senegal/França, 2024) de Mati Diop
Mubi
Documentário. Relato da devolução dos tesouros históricos de Benin que se encontrava na França.




DESEJO E REPARAÇÃO
(Atonement, Inglaterra, 2007) de Joe Wright
Netflix
Drama. Por ciúmes, uma garota inventa uma mentira que causará danos irreversíveis a um casal de jovens.

PEARL
(2022, EUA) de Ti West
Amazon Prime
Terror. Em uma fazenda distante, jovem sonha com a fama mas a realidade se distancia do desejo com violência.


TÁR
(EUA, 2022) de Todd Field
Amazon Prime
Drama. A turbulenta vida de uma ambiciosa maestra que alcança o topo na carreira.


TAXI DRIVER
(EUA, 1976) de Martin Scorsese
Netflix
Drama. Veterano do Vietnã entra numa espiral de loucura em uma decadente Nova Iorque.




AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL
(The Perks of Being a Wallflower, Inglaterra/EUA, 2012) de Stephen Chbosky
Mubi
Drama. jovem perdido encontra um grupo que lhe mostra um outro lado da vida.


WHIPLASH - EM BUSCA DA PERFEIÇÃO
(EUA, 2013) de Damien Chazelle
Max
Drama. Estudante de música tem pela frente uma relação turbulenta com o seu professor.

terça-feira, dezembro 10, 2024

O Sol Por Testemunha

(Plein Soleil, França/Itália, 1960)
Direção: René Clément
Elenco: Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt, Billy Kearns.

Os amigos Ripley e Philippe levam a vida de bon-vivant ao lado da dublê de escritora Marge (namorada de Philippe) na estonteante natureza da Itália. E em uma viagem de barco as máscaras caem. E a realidade demonstra que Ripley é um elemento estranho na vida do casal de riquinhos; tornando-se um fator imprevisível neste quase "trisal".
Adaptação do clássico de Patrícia Highsmith, é inevitável não comparar com a versão de 1999. Aliás, a comparação faz sentido para entender melhor o filme de 1959 pois a obra francesa já inicia cortando a introdução da história original, mas isso não atrapalha a compreensão do enredo. Até pelo contrário pois reforça o tom amoral do protagonista que ganha na interpretação de Alan Delon uma dubiedade envolvente. Aliás, a visão do cineasta René Clément reforça um jogo emocional convincente e sedutor de gato e rato entre Philippe e Ripley. O grande destaque do filme fica  para a leve e sexy trilha sonora do mestre Nino Rota que usa um som solar e sensual na riviera italiana. E a versão francesa se distancia do ponto-de-vista de Anthony Minguella que sustentava um olhar humano do protagonista, incluindo uma consciência de seus atos. Clément eliminou qualquer julgamento e focou o protagonista como um alpinista social que não exita em brincar com sentimentos alheios por diversão e fetiche. E essa sensação é representada pela ótima e polêmica conclusão.

quinta-feira, dezembro 05, 2024

Ainda Estou Aqui

(Brasil/França/Espanha, 2024)
Direção: Walter Salles
Elenco: Fernanda Torres, Selton Mello, Dan Stulbach, Fernanda Montenegro.

No momento mais tenso da ditadura brasileira - quando ocorre sequestros de  embaixadores em 1970 - uma família tenta viver a margem dessa realidade numa rotina bucólica de um "pacato" Rio de Janeiro. Praia, festa, confraternização. Mas a realidade violenta a família Paiva com o desaparecimento do patriarca exigindo da mãe, Eunice, força e perseverança para cuidar de seus filhos, e na busca do paradeiro do seu marido.
Confesso que cansei do tema autoritarismo. Sabemos da importância do debate...mas discutir algo que as pessoas em volta não levam a sério soa como palavras ao fim. Isso causa uma tremenda frustração. Mas o novo filme de Walter Salles tem qualidades suficiente para fugir de um tema tão batido. E o melhor, causar uma democrática discussão sobre um assunto tão atual e necessário. Assim, o filme me fisga por outros elementos: a memória, a perseverança e o fim da inocência.
Das recordações de um Rio de janeiro lúdico me veio a mente Roma de Afonso Cuarón. Se o filme mexicano foca no lirismo; o brasileiro mira no melodrama mas sem pesar na mão. Pelo contrário, o roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega faz um ótimo trabalho ao mesclar a rotina de uma família em que cada um lida a sua maneira a violência do Estado. E nesse quesito, me chamou atenção a ótima montagem de Affonso Teijido em que o público mal sente o tempo passar. Outro ponto em destaque da obra de Salles é a força da protagonista. Mesmo em um mundo sombrio, Ainda Estou Aqui se assemelha com o lindo Central do Brasil ao mostrar a transformação de uma mulher através do ambiente em sua volta. Se Fernanda Montenegro  encontra a sua humanidade em uma viagem ao nordeste brasileiro; Fernanda Torres encontra na ausência do marido um poder de cuidar  (de si, dos seus filhos, e dos filhos dos outros) como uma ferramenta de resistência aos abusos de poder. E aqui o destaque fica totalmente a hipnótica atuação de Fernanda Torres que imprime uma garra; expõe uma leoa que não vacila a sua prole de uma forma desconcertante.  E o final com a Fernanda Montenegro é cativante. E por fim, o filme foca a mão violenta do Estado sobre os filhos - em que as crianças sentem o clima opressor a ponto da filha de 14 anos de idade ser torturada por militares e os outros a sensação de um desolador.
Ainda Estou Aqui é um belo manifesto em que a opressão estatal não diminui a grandeza, a forca das pessoas por justiça e um mundo melhor. Esse é também o legado de Eunice Paiva. Uma figura até então desconhecida e que renasce através do cinema em um momento mais que urgente.

domingo, dezembro 01, 2024

O Quarto ao Lado

(The Room Next Door, Espanha/EUA, 2024)
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Julianne Moore, Tilda Swinton, John Torturro, Alesandro Nivola.

A escritora Ingrid está de mudança em Nova Iorque até receber a notícia que uma grande amiga sua, a correspondente de guerra, Martha, está em estado avançado de câncer. O reencontro das duas expõe o passado de Martha, em particular o distanciamento desta com a sua filha. Ao testemunhar a narrativa de Martha, Ingrid é convidada a ficar perto de Martha após esta ter menos tempo de vida. Mas o desejo de morrer de Martha mexe com os sentimentos de Ingrid.
Almodóvar é um cineasta corajoso. Quando finalmente ele realiza o seu primeiro filme em língua inglesa, ele dobra a aposta. Em O Quarto ao Lado, o mestre espanhol deixa evidente todo seu estilo colorido e dramático, em particular a linda trilha sonora de Alberto Iglesias. Já na outra ponta, o roteiro vai na contramão com diálogos ásperos e sem as reviravoltas características do Almodóvar. A narrativa direta dá o tom, sem rodeio. Aqui, o cineasta espanhol presenteia o público com uma tocante e humana visão sobre a brevidade da vida e eutanásia. Também crítica um mundo cada vez mais distante de sua humanidade (de profissionais que não podem dar um abraço fraterno e a destruição do meio ambiente).  E em um tom quase teatral, o diretor nos brinda como a força da arte é vital nos momentos de reflexão e conforto, em particular a linda homenagem ao clássico literário Os Mortos de James Joyce. E se o duelo de titãs entre Tilda Swinton e Julianne Moore eleva o nível representando a dualidade de sentimentos como a vida estável de Ingrid e o destino turbulento de Martha; em compensação as histórias secundárias (as memórias da Martha) e a participação de John Torturro  não apresentam peso, e até torna um calcanhar de arquivos. Aliás, o Almodóvar repete o mesmo erro de Mães Paralelas ao incluir vários temas sem saber explorar organicamente como é o caso do meio ambiente.
Assim, O Quarto ao Lado é uma obra extremamente adulta e madura que aborda a morte com bastante sensibilidade. Mesmo que o filme tenha bastante cor, no entanto, as características almodovianas como as paixões platônicas e amores passionais são podadas ao máximo em nome de um estilo mais minimalista (o que pode deixar alguns fãs decepcionados). Afinal, o mestre está em uma cultura diversa da sua. Mesmo não sendo um dos seus melhores trabalhos, a produção representa uma nova guinada em um artista que não tem medo de se arriscar. E faz um bonito filme sobre a única certeza da vida e o desencantamento.

segunda-feira, novembro 25, 2024

Mostra de São Paulo 2024

 



Nos dias 17 a 30 de outubro realizou a 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2023. O júri composto por Camila Pitanga, Gonçalo Waddington, Hebe Tabachnik, Kyle Stroud, Mohsen Makhmalbaf, e Thierry Meranger premiaram duas obras. A estadunidense Familiar Touch de Sarah Friedland que aborda a demência na velhice; e a co-produção Portugal e Cabo Verde Hanami de Denise Fernandes que conta a estória de uma garota que chega a uma ilha em busca de uma cura. E como de praxe, os destaques da programação vieram dos principais festivais do mundo: o senegalês Dahomey de Mati Diop, vencedor do Urso de Ouro em Berlim; o estadunidense Anora de Sean Baker, vencedor da Palma de Ouro em Cannes; e os destaques de Veneza como o britânico O Brutalista de Brad Corbet; e o italiano Vermiglio de Maura Delpero. E o cinema brasileiro brilhou com os grandes sucessos do ano como Baby de Marcelo Caetano, e Ainda Estou Aqui de Walter Salles (vencedor do prêmio de júri na Mostra).




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A lista dos vencedores da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2024:


Prêmio do Júri - Melhor Filme: Familiar Touch (EUA) de Sarah Friedland, e Hanami (Portugal/Cabo Verde) de Denise Fernandes

Prêmio do Público - Melhor Filme Internacional: O Caso dos Estrangeiros (Jordânia) de Brandt Andersen

Prêmio do Público - Melhor Documentário Internacional: Balomania (Dinamarca) de Sissel Morell Dargis

Prêmio do Público - Melhor Filme Brasileiro: Ainda Estou Aqui de Walter Salles

Prêmio do Público - Melhor Documentário Brasileiro: 3 Obás de Xangô de Sérgio machado-

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Internacional: Levados ao Vento (China) de Jia Zhangke

Prêmio da Crítica - Melhor Filme Brasileiro: Manas de Marianna Brennand

quarta-feira, novembro 20, 2024

Destaques nos Cinemas

AINDA ESTOU AQUI
(Brasil/Espanha/França, 2024) de Walter Salles
Drama. Mulher busca forças para cuidar de sua família após o desaparecimento de seu marido na ditadura militar.




GLADIADOR 2

(Gladiator II, EUA, 2024) de Ridley Scott
Ação. Jovem com passado conturbado tenta dar a volta por cima lutando no Coliseu.







WICKED

(EUA, 2024) de Jon M. Chu
Musical. O início da amizade das futuras bruxas boa e má da Terra do Oz.




HEREGE

(Heretic, EUA/Canadá, 2024) de Scott Beck e Brian Woods
Terror. Duas garotas cristas se arriscam na conversão religiosa de um homem misterioso.







MOANA 2
(EUA, 2024) de David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller
Animação. Moana mais uma vez se aventura nos mares para enfrentar um deus que esta causando terror em uma ilha.

sexta-feira, novembro 15, 2024

Lançamentos nos Streamings

DEADPOOL & WOLVERINE
(EUA, 2024) de Shawn Levy
Disney+
Ação. A união da dupla de heróis da Marvel para enfrentar várias missões perigosas.




DONNIE DARKO
(EUA, 2001) de Richard Kelly
Mubi
Suspense. Adolescente recebe a visita de uma bizarra criatura misturada a estranhas visões que parecem se concretizar.


OS FABELMANS
(EUA, 2022) de Steven Spielberg
Amazon Prime
Drama. Biografia do mago de Hollywood que relata o seu amor ao cinema a conturbada relação familiar.



O FUNDO DO CORAÇÃO
(One From the Heart, EUA, 1982) de Francis Ford Copolla
Mubi
Musical. Casal em crise decide viver aventuras passionais em uma Las Vegas brilhante e ilusória.


GUERRA CIVIL
(Civil War, EUA/Inglaterra, 2024) de Alex Garland
Max
Drama. Trio de jornalistas registram o caos político e social de um EUA a beira de uma guerra civil.


GLADIADOR
(EUA, 2000) de Ridley Scott
Globoplay
Ação. Competente general romano é traído e perde tudo mas tenta dar a volta por cima sendo gladiador no famoso Coliseu.




MALCOM X
(EUA, 1992) de Spike Lee
Mubi
Drama. Biografia de uma das figuras mais polêmicas do campo politico e social dos EUA em plena efervescência na luta pelos direitos humanos.


MENINA DE OURO
(Million Dollar Baby, EUA, 2004) de Clint Eastwood
Mubi
Drama. O destino cruza um treinador decadente e uma boxeadora miserável em uma jornada de vitória e 

SAUDADE FEZ MORADA AQUI DENTRO
(brasil, 2023) de Haroldo Borges
Netflix
Drama. Adolescente tem a missão de viver novas experiencias após ser diagnosticado de uma doença que o deixará cego. 


TWISTERS
(EUA, 2024) de Lee Isaac Chung
Max
Ação. Caçadora de tornados tem uma missão de lançar um sistema experimental meteorológico em meio a uma perigosa tempestade.



UM LUGAR SILENCIOSO: DIA UM
(A Quiet Place: Day One, EUA, 2024) de Michael Sarnoski
Paramount+
Suspense. Jovem em tratamento de saúde testemunha a chegada e o ataque de alienígenas em Nova Iorque.

domingo, novembro 10, 2024

O Mal Não Existe

(Aku Wa Sonzai Shinai, Japão, 2023)
Direção: Ryusuke Hamaguchi
Elenco: Hitoshi Omika, Ryuji Kosaka, Ayaka Shibutani, Roy Nishikawa.

Num povoado rural perto de Tóquio, os seus moradores levam uma vida pacata e totalmente dependente da bela floresta que os envolve. Mas a chegada de um empreendimento imobiliário quebra a rotina do lugar e gera desconfiança dos habitantes. Um deles é Takumi, um homem que conhece profundamente a região mas que tem uma relação distante com a sua filha de 8 anos.
Confesso que não sou um grande fã entusiasta de Drive My Car, a obra mais conhecida de Ryusuke Yamaguchi. Por isso que fiquei surpreso com seu filme posterior, O Mal Não Existe. Aqui, o diretor foca na relação homem natureza de uma forma muito particular. Com um ritmo pausado, o filme está longe de ser enfadonho graças as lindas imagens registradas pela bela fotografia de Yoshio kitagawa e a delicada trilha sonora de Eiko Ishibashi. É evidente a inspiração de Akira Kurosawa e Andrei Tarkovski (mestre em retratar a beleza da natureza). Outra coisa: com certeza o seu orçamento deve ter sido baixo por ser filmado quase que inteiramente numa floresta. Ironicamente a cena mais intensa é numa reunião entre os moradores e a construtora (em que esta é humilhada diante da desconfiança dos moradores). Assim, a obra toca na desumanização do progresso mas a força vem mesmo da relação harmoniosa entre os moradores e a natureza a sua volta. Isso fica evidente na cena em que o dono da construtora não mostra remorso com as pessoas. Uma pena que isso é retratado de uma forma novelesca (o que destoa do restante do filme). Mas em compensação, o final enigmática e esplêndido e reforça toda a cinematográfica de um dos grandes cineasta do momento. Um primoroso trabalho que aborda sustentabilidade ambiental com uma sensibilidade impressionante.

terça-feira, novembro 05, 2024

O Aprendiz

(The Apprentice, Canadá/Dinamarca, 2024)
Direção: Ali Abbasi
Elenco: Sebastian Stan, Jeremy Strong, Maria Bakalova, Martin Donovan.

Na década de 1970, um desconhecido mais herdeiro de uma família rica, Donald Trump, tenta contratar o controverso advogado Roy Cohn para livrar uma dívida da empresa de seu pai. Dessa inusitada união (um playboy ambicioso e um gay abominável) surge um casamento público em que um decola com a sua ambição desenfreada (Trump) e o outro sofre das reviravoltas da vida (Roy).
Nunca imaginaria que o cineasta iraniano Ali Abbasi faria uma biografia da tenebrosa figura do Donald Trump - mas assistindo ao ótimo Holly Spider, o trabalho antecessor de Abbasi, o contexto faz um certo sentido. Se o filme de 2023 o diretor faz um thriller dramático sobre um Estado que encobre e incentiva a ação de um psicopata em limpar sua cidade das prostitutas; em O Aprendiz algo semelhante acontece. De certa forma, o fechado Irã se iguala ao show de horrores da ascensão do famoso magnata na terra das oportunidades, Estados Unidos. Em O Aprendiz, o Trump é uma figura que surge e se aproveita ao máximo de um Estado corrupto e sem escrúpulos representado pela  figura abominável de Roy Cohn. Roy e Trump formam um par perfeito que aproveitam de uma nação benevolente ao capitalismo selvagem não muito longe de países de pobres. Quem diria que Irã e Estados Unidos se encontraria na mesma vertente. Mas se em Holly Spider o clima soturno impera, O Aprendiz a galhofa toma conta. A câmera na mão criam o  tom real mas o humor involuntário reina ao mostrar o absurdo como no hilário encontro de Trump com um desconhecido artista, Andy Whahol, numa festa nada conservadora. Assim, a fotografia com ar da década de 1970 de Kasper Tuxen Andersen contribui ao misturar a ficção com cenas reais de uma decadente Nova York. E o elenco chama atenção como a ótima caracterização do ator do momento, Sebastian Stan, que recria os maneirismos e a voz do Trump mas de forma natural e convincente. Mas é Jerome Strong que rouba a cena como tenebroso Roy. O versátil ator da famosa série Succession combina uma persona dura mas com uma certa sensibilidade, mesmo sendo uma figura execrável, e que no fim é vítima do seu próprio veneno (será que o Trump terá o mesmo destino?). E no fim da exibição do filme demonstra que a política estadunidense não anda tão longe de países não tão poderosos, o que demonstra como o mundo sócio-político-econômico atual as fronteiras entre as nações tão diferentes se aproximam. Aqui, o diretor realizou uma espécie de Frankstein moderno em que a criatura usa todas as falhas éticas e morais de uma sociedade para o seu bem prazer. E como nas últimas cenas finais (na sala de cirurgia), o protagonista se transforma em uma criatura que todos conhecemos.

sexta-feira, novembro 01, 2024

Robô Selvagem

(The Wild Robot, EUA, 2024)
Direção: Chris Sanders

Acionado sem querer, um robô é ligado, e descobre que se encontra em uma ilha não habitada por humanos - mas infestada da natureza selvagem. E adentrando pela região, o robô procura uma missão por ser programado a executar tarefas. E inusitadamente ele acha uma missão ao ensinar um ganso órfão a sobreviver. A relação entre o animal e máquina aflora no robô uma sensação até então desconhecida: o amor ao próximo.
A DreamWorks prega cada peça. Em virtude da produção em massa em animação, é comum a irregularidade na qualidade das produções. No caso da produtora de Shrek, a irregularidade surgia mais por causa das continuações caça-níqueis. Não é de espantar que a sua nova produção, Robô Selvagem, surpreenda. Sob o comando do competente Chris Sanders (Lilo & Stitch, Como Treinar o Seu Dragão), a animação alcança vôo admirável nesta linda adaptação do livro de Peter Brown. Fácil, fácil que esta seja a obra-prima de Chris Sanders, que mistura belíssima animação e um roteiro carregado de emoção. Na missão da robô Roz, a obra aborda humanismo, maternidade a criação da consciência coletiva (ok, uma inteligência artificial atingindo esse feito causa medo atualmente mas que no filme fica fofinho). E tem uma mensagem muito forte sobre resposanbilidde social que lembra - inevitalmente - A Revolução dos Bichos de George Orwell. Outro ponto positivo é a bela trilha sonora de Kristopher Bowers com os seus acordes sensíveis mas sem soar melodramático. Linda também a canção do filme, Kiss the Sky. Enfim, Robô Selvagem nasce como um sopro de vida que a muito tempo que a DreamWorks não sentia. E não se espante se o filme ganhar continuações. E o pre;o a pagar pelo sucesso de uma ideia original. Por enquanto é bom aproveitar o gosto de uma bela novidade.

sexta-feira, outubro 25, 2024

Festival de Toronto 2024

 

Mal terminou o Festival de Veneza, Toronto inicia a todo vapor com exibições esperadas dos principais festivais do ano somado a uma boa seleção de estréias. Assim, filmes fortes de Cannes como Anora e Emilia Pérez chamaram a atenção do público - mas a surpresa ficou pela ótima receptividade do até então desconhecido The Life of Chuck, obra estadunidense do especialista em Stephen King, o ótimo Mike Flanagan, que fica na sua zona de conforto adaptando mais uma obra do mestre do terror - e que levou o prêmio máximo do festival. Detalhe: este não é um filme de terror. Outros destaques de Toronto foram: Hard Truths (Inglaterra) de Mike Leigh que aborda uma mulher de meia idade e suas angústias e frustrações; Robô Selvagem (EUA) de Chris Sanders que conta a estória de um robô que cai em uma ilhada isolada e precisa fazer amizades com os animais locais para sobreviver; Flow (França) de Gints Zilbalodis em que após uma grande enchente um gato sobrevive ao embarcar em um barco povoado por diversas espécies; Sartuday Night Live (EUA) de Jason Reitman que registra o primeiro e caótica piloto do mítico programa de humor estadunidense; Triumph (Bulgária) de Kristina Grozeva e Petar Valchanov que mostra que depois da queda do comunismo, autoridades búlgaras buscam vestígios de alienígenas.


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A lista dos vencedores do Festival de Toronto 2024:

Prêmio da Audiência: The Life of Chuck (EUA) de Mike Flanagan (1º lugar); Emilia Pérez (França) de Jacques Audiard (2º lugar); Anora (EUA) de Sean Baker (3º lugar)

Documentário: The Tragically Hip: No Dress Rehearsal (Canadá) de Mike Downie

Seleção Midnight: A Substância (Inglaterra) de CoralieFargeat

domingo, outubro 20, 2024

Destaque nos cinemas

CORINGA: DELIRIO A DOIS

(Joker: Folie à Deux, EUA, 2024) de Todd Phillips
Drama. Na prisão aguardando o seu julgamento, o famoso vilão de Gothan City se apaixona por Arlequina.


ROBÔ SELVAGEM

(The Wild Robot, EUA, 2024) de Chris Sanders
Animação. Sobrevivente de uma tragédia, um robô luta para sobrevier em uma ilha cercada de animais selvagens.



O QUARTO AO LADO

(The Room Next Door, Espanha/EUA, 2024) de Pedro Almodóvar
Drama. Uma mulher é testemunha da dor de sua amiga que tem fortes pendências com a sua filha.




ANORA
(EUA, 2024) de Sean Baker
Comédia. Garota de programa entra numa confusão ao se envolver com o filho de uma magnata russo.

terça-feira, outubro 15, 2024

Lançamentos nos streamings

BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS
(Eternal Sunshine of the Spotless Mind, EUA, 2004) de Michel Gondry
Netflix
Drama. Após terminar uma relação homem decide apagar as lembranças amorosas mas desiste da ideia no meio do processo de desmemorização.






COMO ÁGUA PARA CHOCOLATE
(México, 1992) de Alfonso Arau
Max
Drama. No auge da Revolução Mexicana um camponês se apaixona por uma bela mulher.


A FAMILIA ADDAMS
(The Addams Family, EUA, 1991) de Barry Sonnenfeld
Netflix
Comédia. A família mais macabra do cinema tenta proteger a sua fortuna por causa dos atos inconsequentes de Tio Fester.


O MAL NÃO EXISTE
(Aku Wa Sonzai Shinai, Japão, 2023) de Ryusuke Hamaguchi
Mubi
Drama. A rotina de pai e filha e quebrada com a chegada de um empreendimento imobiliário no local em que vivem.


O MASSACRE DA SERRA ELETRICA

(The Texas Chain Saw Massacre, EUA, 1974) de Tobe Hooper
Mubi
Terror. Um grupo de jovens curtem uma viagens mas tem o grande azar de cruzar com uma família de canibais.

O MENINO E A GARÇA
(Kimitachi Wa Do Ikiru Ka, Japão, 2023) de Hayao Myazaki
Netflix
Animação. Após a perda da mãe, garoto não aceita a nova madrasta e embarca em uma mágica aventura.



MIDSOMMAR - O MAL NAO ESPERA A NOITE

(EUA, 2019) de Ari Aster
Mubi
Terror. Depois de uma traumática tragédia familiar, jovem viaja com o namorado para conhecer uma bizarra seita escandinava.



MOONRISE KINGDOM
(EUA, 2012) de Wes Anderson
Netflix
Comédia. A fuga de casal de adolescentes mexe com os brios de uma cidadezinha.


O RESGATE DO SOLDADO RYAN
(The Saving Private Ryan, EUA, 1998) de Steven Spielberg
Netflix
Drama. Um grupo de soldados americanos tem a missão de tirar o soldado Ryan da França ocupada pelos nazistas.


RIVAIS
(Challengers, EUA, 2024) de Luca Guadagnino
Amazon Prime
Comédia. Dois grandes amigos tenistas tem a sua amizade posta em cheque com a chegada de uma colega sensual.


TIPOS DE GENTILEZA
(Kind of Kindness, EUA, 2024) de Yorgos Lanthimos
Disney+
Drama. Três contos independentes que abordam submissão e descontrole emocional.