Direção: Allan Deberton
Elenco: Marcelia Cartaxo, Zezita Matos, Soia Lira, João Miguel.
Morando sozinha com a irmã debilitada, a professora aposentada Pacarrete é uma figura que não passa despercebida na pequena cidade cearense de Russas. Apaixonada por balé e entusiasta da cultura francesa, vê a sua grande chance de mostrar a sua arte no aniversário da cidade. A questão é que ninguém parece se importar com a sua ideia o que a deixa desencantada... e furiosa.
Baseado em uma personagem real cearense, o filme de Allan Deberton faz uma singela homenagem a uma mulher de gosto refinado e hábitos considerados excêntricos tornando-a uma personalidade bastante singular. E para incrementar essa quase biografia, o cineasta junta duas obras distintas que resulta em uma mesma nota: Uma Rua Chamada Pecado e Cisne Negro. Pacarrete é uma pobre coitada que vive de ilusão misturada a uma alta dose de convicção da sua importância a cidade, mas ela só representa uma figura distinta na região.
Assim, da obra de Elias Kazan, reforça logo de cara a peculiar e fora da realidade da personagem mas com uma leveza e bom senso. Já na segunda parte após uma tragédia família o clima pesa e a fuga da realidade recorda um pouco o filme do Aronofsky (além do balé estar mais presente).
Mas a obra tem outros atrativos que chamam atenção a começar pela bonita e solar fotografia de Beto Martins que expõe uma mulher iluminada como uma representação do seu gosto "chique" diferente dos seus pares. O ótimo design de produção de Rodrigo Frota que reproduz o interior das casas nordestinas - e o estilo fora do padrão da protagonista.
Mas a obra é mesmo da grande Marcelia Cartaxo que agarrou a oportunidade de expor todo seu talento como uma mulher forte...mas com um certo desequilíbrio. A voz, a expressão corporal; a atriz vai fundo em uma versão de Blanche Dubois do Ceará e entrega uma das suas melhores atuações.
Mesmo que em alguns pontos o filme enfraqueça em conta da mudança de tom no meio da duração, Pacarrete ao mesmo tempo é uma singela e encantadora homenagem as almas artísticas que não encontram reconhecimento ou pessoas desprezadas pela realidade crua e dura demais.
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