segunda-feira, outubro 04, 2010

Anjo Azul


Fiquei encantado e comovido por esse drama alemão de 1930 dirigido por Josej von Sternberg, que me fez lembrar demais dos filmes de Lars von Trier, mas que ao contrário dos trabalhos do diretor sueco, aqui é o homem que se sacrifica por um amor e que no final se transforma em motivo de chacota e humilhação. A cena final é de cortar o coração e tudo se deve a ótima interpretação de Emil Jannings como o professor Imannuel Rath, um homem metódico, correto e autoritário no seu mundo, mas que quando se ausenta nele vira um peixe fora dágua, transformando-se em presa fácil para a maliciosa e boêmia Lola, bela cantora de cabaré que deixa os homens loucos, papel que tornou a diva Marlene Dietrich numa estrela do cinema mundial. Mas será que Lola é uma femme fatal? Bom! Acho que não. Ela é artista, liberal, que faz o que gosta e se sente confortável nesse ambiente que é seduzir e manipular homens como o personagem de Jannigns. Ao contrário do professor, que vive num mundo redondo, mas totalmente inexperiente quando sai dele. Um dado que me chamou atenção no cabaré foi a presença do palhaço nas cenas do camarim, que observa tudo com destreza e silêncio. Inicialmente, lembrei de Fellini, mas não esperava que o seu significado fosse outro no decorrer do filme.
Se o filme lembra os trabalhos de Trier por mostrar a descida do inferno do professor, da mesma forma, tem muita inspiração nas obras do expressionismo alemão, como o jogo de luzes e sombras, as ruas irregulares, o penetrar num universo escuro, pertubador que dificilmente alguém sairá sem deixar marcas em suas costas.

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