sexta-feira, dezembro 09, 2011

À Deriva



À Deriva me deixou desarmado. Pego de surpresa, o filme de Heitor Dhalia é totalmente diferente de suas obras anteriores (Nina e O Cheiro do Ralo) mas que reflete o contraste de seus cenários. Se os seus primeiros filmes se passam em um ambiente urbano e decadente, À Deriva se passa numa praia paradisíaca do litoral fluminense no fim da década de 70 em que Filipa, uma garota de 14 anos, descobre a sua própria sexualidade e, ao mesmo tempo, testemunha o fim da relação de seus pais: o pai francês escritor e a mãe, professora, que não pára de beber. Mas as coisas complicam quando Filipa descobre que o pai, um cara bacana e afeituoso, tem um caso com uma gringa. Por tudo isso, a pobre garota vive entre a linha tênue das suas próprias experiências relacionadas a sua idade como também lida com a crueza do universo do mundo das pessoas adultas. Mesmo diante de um lindo visual, ela vive boiando, à deriva diante de tantos sentimentos conflitantes. Com ótimas interpretações do trio Vincent Cassel, Débora Bloch e Laura Neiva, o filme chama a atenção pela qualidade da produção. Com uma bela e sensível direção de Heitor Dhalia, tem um bom roteiro, mas não dá para deixar de mencionar a bela fotografia de Ricardo Della Rosa e a linda (linda mesmo) trilha sonora de Antônio Pinto. Sinceramente, nem parece um filme brasileiro.

Nenhum comentário: