terça-feira, agosto 10, 2021

Freaky - No Corpo de um Assassino

(EUA, 2020)
Direção: Christopher Landon
Elenco: Vince Vaugh, Kathryn Newton, Celeste O'Connor, Misha Osherovich

Ao serem perseguidos por um psicopata, o adolescente Joshua solta uma frase cinematográfica para a sua colega Nyla: "eu sou gay, você é negra...ferrou!". Metalinguagem à parte, o filme Freaky - No Corpo de um Assassino é mais uma assinatura do diretor Christopher Landon que vem se especializando na combinação inusitada do terror com a comédia. Se no seu filme anterior, A Morte Lhe Dá Parabéns, ele mesclava humor e horror com a protagonista revivendo sempre o mesmo dia (que é o dia da sua morte) como em Feitiço do Tempo e a série Boneca Russa; em Freaky a citação são as comédias da Disney, Seu Eu Fosse Minha Mãe e Sexta-Feira em Apuros (e porque não o brasileiro Seu Eu Fosse Você) mas aqui o sangue e a violência gráfica corre solta.
O filme inicia no dia 11, quarta-feira, em que dois casais de adolescentes estão sozinhos passando a noite na mansão de uma das adolescentes. E são abruptamente assassinados por um mascarado e que aproveita a ocasião para roubar uma adaga asteca.
No dia seguinte, somos apresentados a protagonista Millie. Esta é uma colegial as vésperas de entrar na universidade mas ainda guarda o luto por ter perdido o pai a um ano. Mesmo convivendo com uma família prestativa (mas que ainda processa a perda patriarcal) e amigos afetuosos (os citados Joshua e Nyla) a rotina colegial é "aborrescente": sofre bullying de uma patricinha, é rejeitada por um garoto popular, e ganha a antipatia do seu professor. Mas a escola vira do avesso com a notícia da morte dos quatro adolescentes. Millie, Joshua e Nyla atribuem a autoria a lenda viva do carniceiro de Blissfield.
Após uma atividade extracurricular como mascote do time de futebol, Millie aguarda a mãe lhe buscar mas esta a esqueceu (bebeu demais) e é perseguida pelo carniceiro. O vilão ataca Millie usando o antigo punhal mas é salva pela sua irmã que é policial.
Em uma sexta-feira 13, Millie acorda em sua casa mas esta não é a nossa protagonista e sim o carniceiro que apossou em seu corpo. A verdadeira Millie acorda em um local sujo, caindo aos pedaços e descobre que está no corpo do vilão.
Freaky é uma engraçada mistura de slasher com comédias sobre de troca de corpos que cita uma enxurrada de filmes como Pânico (a brincadeira metalinguística), Halloween (o monstro aterrorizando adolescentes), O Massacre da Serra Elétrica (a morte do professor). Outro êxito da produção é a ótima atuação da Kathryn Newton que é convincente na meiguice da Millie como na postura fria e agressiva do carniceiro. Mas é Vince Vaugh que assusta como vilão e está hilário na pele de uma adolescente energética e amedrontada e que sempre está no lugar errado, na hora errada, uma saudável brincadeira hitchcockiana. A boa montagem de Ben Baudhuin com ritmo frenético e o roteiro bem sacado do próprio diretor que no meio do fim brinca com os clichês mesmo que a conclusão seja previsível e force a barra em alguns momentos como a descoberta da maldição. Mesmo assim Landon aprofunda mais o seu estilo de terrir e não se deixa levar a sério (ótimo uso da canção clássica Whatever Will Be, Will Be (Que Sera Sera) na chegada do vilão a escola atraindo os olhares em virtude do ataque) apresentando uma mão boa para um filme pipoquinha perfeito para uma sessão de cinema sem compromisso (pena que foi lançado na pandemia inviabilizando a sua exibição nas salas de exibição).

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