sexta-feira, outubro 01, 2021

Maligno

(Malignant, EUA, 2021)
Direção: James Wan
Elenco: Annabelle Wallis, Maddie Hasson, George Young, Jacqueline McKenzie

James Wan realmente gosta do terror. É neste gênero que ele parece sentir mais a vontade a ponto de criar duas franquias que impulsionaram o horror nos últimos anos. No entanto, o seu estilo tradicional faz a alegria de um público que anseia por uma convencional cascata de susto. Mas em Maligno, ele tenta fugir dessa fórmula com um enredo mais "intricado"...mas admito que a nova empreitada não deu muita liga. Aqui está mais com cara de filme que quase se resvala para o cinemão B.
Em 1992, uma cientista se depara com uma estranha criatura que está aniquilando todos os funcionários de um hospital. A estória dá uma salto abrupto no tempo para os dias atuais e nos deparamos com a enfermeira Madison, grávida e que vive em um relacionamento abusivo. Após uma briga que resulta em um sério machucado na cabeça de Madison, os dois são atacados por uma estranha criatura que surge na casa. Ele morre, ela sobrevive. Diante de um ataque tão misterioso, a polícia começa a suspeitar da protagonista que apresenta um estranho comportamento: ela informa que tem visões de assassinatos que tem relação com as pessoas que aparecem no início do filme.
Maligno remete a uma metáfora sobre como lidar com os demônios interiores que encaramos e que as vezes parece nos apossar e nos controlar. Mas aqui James Wan parece dividir a narrativa em dois momentos ilustrando uma certa auto reverencia aos seus grandes sucessos como o início à lá Invocação do Mal (a casa mal assombrada) e depois descamba para Jogos Mortais (as reviravoltas violentas e sanguinolentas que se distanciam do sobrenatural e também do apelo sádico do filme de 2004). A fotografia escura de Michael Burgess representa bem a sempre chuvosa e nublada Seatlle como também cai como uma luva para deixar o filme mais soturno e sombrio; e importante destacar o uso de cores fortes (o vermelho, o azul) em cenas pontuais remetendo o terror italiano da década de 1970. Já a trilha sonora de Joseph Bishara tem os seus bons momentos - no entanto tem alguns acordes que lembra demais trilha de seriado de televisão.
Com uma premissa aparentemente interessante, Wan elabora no terço final do filme um plot twist surreal em que fará com que o público goste ou odeie - simplesmente uma conclusão absurda e quem "comprar" a ideia poderá se divertir mais. Infelizmente não foi o meu caso que achei tão tola que não levei o filme a sério e me deixei levar pelo piloto automático. O que é uma pena pois o filme tem pontos altos como a atuação da atriz Annabelle Wallis que consegue dar verdade a personagem tornando-a tridimensional e ao mesmo tempo imprimir todas as suas angústias; e Wan faz um bom trabalho de câmera.- ele elabora ótimas sequências e fantásticos movimentos de câmera (como a cena da Madison correndo na casa sob o ponto de vista de cima).

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