domingo, dezembro 05, 2021

Noite Passada em Soho

(Last Night in Soho, Inglaterra/EUA, 2021)
Direção: Edgar Wright
Elenco: Thomasin McKenzie, Anya Taylor-Joy, Terence Stamp, Diana Rigg

Na projeção de Noite Passada em Soho, fiquei surpreso (e até encantado) com o uso de canções e números musicais em um filme de terror psicológico!!! Em seu filme anterior, o empolgante Em Ritmo de Fuga, o diretor Edgar Wright também usa uma ótima coletânea de músicas que encaixa perfeitamente nas cenas de perseguição típica do gênero de ação. Conclusão: será uma trilogia musical que brinca com gêneros distintos? Pelo menos o diretor consegue explorar terrenos com muita criatividade.
Aqui vai o resumo de Noite Passada em Soho. Eloise é uma jovem que concretiza um sonho: estudar moda em uma conceituada universidade de Londres. Sob os cuidados da avó, esta não gosta da ideia da neta sozinha e demonstra que Eloise esconde algo. Mesmo assim, a protagonista se muda para a capital da Inglaterra. Mas a chegada a república é pesada com a estranha figura de um homem de comportamento hostil e obsceno, além dos atritos com a colega de quarto nada receptiva. Com o clima tenso, ela decide se mudar para uma quitinete. E neste local - inusitadamente - ela consegue voltar ao tempo e realizar uma outra fantasia sua: vivenciar a Londres da década de 1960. E nesse ambiente, ela conhece Sandy, uma garota sexy que sonha em ser cantora. Mas este desejo vai enveredando por caminhos nebulosos.
Com um trabalho fantástico de design de produção de Marcus Rowland, o filme realmente consegue levar o público a efervescência cultural de Londres na década de 1960, um período revolucionário na moda, música e costumes. E esse universo cai como uma luva para Wright elaborar ótimas tomadas de câmera em conjunto com a montagem de Paul Machliss que sempre se encontra na quinta marcha. Outro destaque é a psicodélica fotografia de Chung-hoon Chung que usa e abusa de cores neon em muitos cenas reforçando a atmosfera de sonho (ou pesadelo?) o que recorda o barroquismo de Suspiria. Mas o filme bebe direto da fonte do clássico Repulsa ao Sexo (lançado no ano que o filme de Wright se passa). Em Noite Passada em Soho relata uma garota retraída com traumas familiares, além de esconder um estranho dom tornando-a a vítima perfeita para o bullying. Aqui a obra envereda para o terror da desvalorização da mulher tanto por parte dos homens na década de 1960, como pelas próprias mulheres
como é o caso da colega do curso de moda Jocasta que trata mal a protagonista.
Com um ótimo material em mãos, o diretor faz um bom trabalho mas não chega no mesmo nível do filme anterior pois percebo uma certa preocupação no estilo o que distancia de outros filmes consagrados no horror atual tanto na linguagem como na imagem como A Bruxa e Midsommar: O Mal Não Espera a Noite. Mas para quem busca bons sustos, o filme é uma boa pedida.

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