domingo, abril 10, 2022

Águas Profundas

(Deep Water, EUA/Austrália, 2022)
Direção: Adrian Lyne
Elenco: Ben Affleck, Ana de Armas, Tracy Letts, Dash Mihok.

Alguns meses atrás me questionei por onde andava o polêmico cineasta Adrian Lyne e agora descubro que ele retornou a ativa após um hiato de 20 anos. E volta adaptando uma obra de Patricia Highsmith (Talentoso Ripley, e Carol) o que chama mais atenção e que poderia representar o seu retorno em grande estilo. Só que não.
Vic e Melinda representa um casal perfeito. Belos e bem-sucedidos profissionalmente, uma linda filha sapeca, e um casamento exemplar. No entanto, porém, os dois selam um pacto: Melinda tem carta branca para ter amantes, o que ela faz com gosto e abertamente mas o Vic demonstra sinais de insatisfação ao comportamento da esposa.
Mais uma vez o cineasta inglês retoma ao tom provocativo ao falar do adultério, patrimônio e suas convenções e envereda na sua zona de conforto: um drama erótico com pitadas de suspense. Mas aqui o erotismo é brando (Atração Fatal é mais picante), o drama é frouxo, e o suspense é sonífero.
Ana de Armas está linda mas a personagem é tão insuportável que fica difícil entender a atração que ela exerce nos homens. É só uma mulher que ora faz close e ora faz chilique (até a sua filha de 5 anos de idade parece ser mais madura que a mãe). Já Ben Affleck só faz cara de paisagem ao dar vida a um homem que é aparentemente frio. Lyne não é um ótimo cineasta mas aqui ele se supera e faz o seu pior trabalho mesmo que siga explicitamente a sua cartilha cine bibliográfica: não seguir as normas sociais no casamento (adultério ou casamento aberto) gera terríveis consequências, e sempre a culpa repousa na mulher (aqui piora quando ela é estrangeira reforçando a xenofobia) e o marido é o próprio coitado (algo explorado em Infidelidade). O tempo passou mas a cabeça de Lyne continua estática; diferente do seu colega holandês Paul Vehoeven ao realizar o maravilhoso e provocativo Elle (2016). É uma pena.

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