sexta-feira, abril 01, 2022

Belfast

(Inglaterra, 2021)
Direção: Kenneth Branagh
Elenco: Jude Hill, Caitriona Balfe, Jamie Dornan, Ciarán Hinds.

Na Belfast em agosto de 1969, a rotina da vida do garotinho Buddy e sua família é abruptamente afetada pela secular rixa entre católicos e protestantes. Agora uma pequena aula de história. A Irlanda do Norte é um país com população protestante ao contrário da Irlanda majoritariamente de católicos. E as duas religiões sempre tiveram atritos no decorrer dos séculos após a Reforma Protestante. Voltando ao filme. Mesmo sendo protestante, Buddy convive perfeitamente com os católicos da região e leva uma vida absolutamente normal mas o aumento do conflito se tona insustentável e abala a relação dos seus pais.
Baseado em sua infância em Belfast, o cineasta e ator Kenneth Branagh faz um filme que não toca fundo na ferida do conflito, separando a narrativa entre pais preocupados com a violência descontrolada e a vida do protagonista - mais interessado em ser o aluno mais inteligente da sala para impressionar uma colega e as sessões de cinema matinê. Aqui o diretor foi simplório em uma obra que lembra Roma do Alfonso Cuarón (memórias, preto e branco, anos 1970, a instabilidade política e social) mas que faltou aqui algo mais consistente (que vai desde o processo de amadurecimento até a alusão de ser despatriado) e só foca em um garoto que quer se divertir enquanto o mundo ao redor pega fogo.
Assim, o grande destaque do filme fica por conta do elenco e da fotografia. O preto e branco de Haris Zambarloulos elucida bem o tom nostálgico e ao mesmo tempo evoca tempos terríveis, obscuros que aquelas pessoas viveram.
O elenco faz milagre com o roteiro engessado e dessa forma não apresentam cenas memoráveis ou de grande impacto o que atrai para o sapeca ator principal Jude Hill que mostra carisma em um garoto que está mais preocupado em ser uma criança (brincar, assistir filme, estudar) do que propriamente com os conflitos do seu país.
No fim faltou coragem, ousadia ao Branagh para falar mais da história de seu país, a Irlanda do Norte e caiu de cabeça em uma fórmula em que o cinema já viu tantas vezes e de forma mais emocionante como Esperança e Glória (1987) de John Boorman. Até a sua abertura não é muito conivente pois mostra lindas imagens atuais de Belfast como se fosse uma declaração de amor a capital e no fim a cidade é esquecida para observarmos um garoto travesso e suas aventuras.

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