terça-feira, abril 05, 2022

Batman

(The Batman, EUA, 2022)
Direção: Matt Reeves
Elenco: Robert Pattinson, Jeffrey Wright, Zoe Kravitz, Paul Dano

Em um mundo se estabilizando após o caos da pandemia, os cinemas tiveram um tremendo baque. Salas fechadas e as abertas sobreviveram com bilheterias pífias até a estreia do Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa em dezembro de 2021. A inesperada e espetacular arrecadação do aracnídeo representou uma sobrevida e sinal de esperança do retorno do público aos cinemas (mesmo que a demanda recaia nas produções da Marvel e DC Comics). A bola da vez é Batman.
Gotham City cada dia que passa se mergulha no caos e violência. O misterioso justiceiro Batman se torna uma das armas para colocar ordem na região (o que parece que não está surtindo efeito). E nas vésperas das eleições municipais acontece o assassinato do atual prefeito, e a polícia e Batman se unem em busca do autor mas quando mais eles investigam o caso descobrem uma teia de corrupção e decadência. A corrupção da elite rola solta e pequenos delinquentes podem virar monstros indestrutíveis.
Batman de Matt Reeves faz parte de uma nova trilogia do homem-morcego em que o seu tom se distancia do estilo espetaculoso de Zack Snyder (graças à Deus) e se aproxima do tom sombrio e realista de Christopher Nolan. Mas aqui Reeves foi mais fundo na visão de Nolan e ousa tornar Batman em uma inesperada mistura de filme noir e western spaguetti!!! - o que é um deleite para os cinéfilos. Aqui a pegada vai de Chinatown e Seven - Os Sete Crimes Capitais com direito a narração em off do protagonista e o clima sufocante do clássico de David Fincher; e as longas tomadas à lá Sergio Leoni ganha impulso admirável graças a operística, grandiloquente e inesquecível trilha sonora de Michael Gianchino que faz o impensável: misturar a música sacra Ave Maria com a banda grunge Nirvana (isso mesmo!!). A fotografia de Greig Fraser também é outro elemento importante na narrativa em que todos os personagens são banhados e se perdem na escuridão. Até as luzes pontuais e fortes em vermelho, amarelo e azul invoca um sentido de alerta constante e não de alívio. E é louvável captarmos a força e a inteligência do Batman para fugir do breu constante graças a bela composição do Robert Pattinson ao incorporar um homem que aceita ser justiceiro não como um senso de justiça e sim um sentido a vida que se delineou com o passar do tempo. Aqui é um filme de super herói em que a escuridão não é somente visível aos olhos mas palpável nos sentimentos através de uma galeria de personagens (ou poderia ser a própria Gotham City) que se corrompeu com a humanidade. Batman não é somente um melhores filmes do ano - e sim uma das maiores surpresas da temporada.

Nenhum comentário: