segunda-feira, maio 01, 2023

Beau Tem Medo

(Beau is Afread, EUA, 2023)
Direção: Ari Aster
Elenco: Joaquin Phoenix, Nathan Lane, Amy Ryan, Patti LuPone.

Beau é um homem solitário na casa dos quarenta anos de idade mas que demonstra instabilidade emocional agravada com a estranha relação com a sua própria mãe. Para piorar, Beau mora numa rua decadente (e em um prédio paupérrimo) em que o caos e a violência andam juntos piorando o estado mental do protagonista. Mas quando Beau recebe a notícia da morte da mãe, o seu mundo desaba e ele corre contra o tempo para o funeral o que é sempre interrompido ao cruzar com uma galeria de pessoas e situações terríveis.
Logo na abertura o filme mostra o nascimento de Beau com muita dor e sofrimento. Este é somente um aperitivo que está por vir ao destino do protagonista. Se o público achou Midsommar - O Mal Não Espera a Noite pesado e sufocante, o diretor Ari Aster dobra aposta com Beau Tem Medo e faz um filme perturbador sobre relações familiares disfuncionais (minha opinião). E de terror, Beau Tem Medo é um pesadelo, um drama psicológico com os dois pés no surreal. E definitivamente é um filme para quem tem saúde mental em dia pois pode soltar gatilhos emocionais.
Aqui, Ari Aster carrega a mão no surrealismo quase beirando o universo de Charlie Kaufman; e foi nessa intenção que o diretor perdeu o controle. Se o seu início apresenta o seu melhor momento, Aster inventa de esticar a corda a ponto de as três horas de duração se tornar arrastado, e as várias mudanças de tom só atrapalha que ajuda. É aquele filme que cada espectador elabora uma visão particular sobre o enredo - mas isso nem sempre é positivo. E o seu ponto alto do filme é a entrega absoluta de Joaquin Phoenix que dá vida a um homem torturado, perdido mas é a Patti LuPone que rouba a cena como a mãe do protagonista (numa atuação que justifica todos os traumas do protagonista). Destaque também para o criativo design de produção.
Beau Tem Medo é um sufocante e dolorido filme sobre angústia, caos - algo que o diretor sabe imprimir com primor - mas a longa duração se transformou num tiro do pé pois o enredo tem tantas camadas que o senso negativo se mistura com a desorientação; e confesso que tem momentos que senti vontade de desligar o cérebro e assistir no piloto automático. Aster fez aqui o seu Alice no Pais das Maravilhas, melhor Alice no Pais do Terror.

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