sexta-feira, setembro 20, 2024

Destaques nos cinemas

OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM: BEETLEJUICE BEETLEJUICE
(EUA, 2024) de Tim Burton
Comédia. Após uma tragédia familiar, os Deetz retornam a sua antiga casa e libertam o espírito anárquico Beetlejuice.


A SUBSTÂNCIA
(The Substance, França/EUA, 2024) de Coralie Fargeat
Terror. Atriz em decadência aceita participar de um novo experimento para torná-la bela novamente. 


domingo, setembro 15, 2024

Lançamentos nos streamings

ARMAGEDDON TIME
(EUA, 2022) de James Gray
Amazon Prime
Drama. Garoto que mora em Nova Iorque amadurece aos duros anos da era Reagan no início dos anos de 1980.



ASSASSINO POR ACASO
(The Hitman, EUA, 2023) de Richard Linklater
Amazon Prime
Comédia. Professor universitário comum também atua como um agente da polícia especializado em descobrir futuros crimes. 

CÃES DE ALUGUEL
(Reservoir Dogs, 1992) de Quentin Tarantino
Mubi
Policial. Uma quadrilha faz assalto a um banco mas as coisas não saem como previsto em virtude de um delator no bando.


JACKIE BROWN
(EUA, 1997) de Quentin Tarantino
Mubi
Policial. Aeromoça entra numa enrascada quando o FBI descobre o seu envolvimento com o tráfico de drogas.




KILL BILL
(EUA, 2003) de Quentin Tarantino
Mubi
Ação. Pistoleira busca vingança contra os seus parceiros do crime após sobreviver a um atentado em seu casamento.



LEVIATÃ
(Leviafan, Rússia, 2014) de Andrey Zvyagintsev
Mubi
Drama. Homem luta contra as forças políticas que querem a qualquer custo tomar suas terras.


LISA FRANKESTEIN
(EUA, 2024) de Zelda Williams
Amazon Prime
Comédia. Na década de 1980, uma estudante consegue ressuscitar um homem com a intenção de torná-lo seu namorado.


O TÚMULO DOS VAGALUMES
(Hotaru No Haka, Japão, 1988) de Isao Takahata
Netflix
Animação. A trágica estória de dois irmãos que tentam sobreviver ao caos do Japão da Segunda Guerra Mundial.

terça-feira, setembro 10, 2024

Tipos de Gentileza

(Kind of Kindness, EUA/Inglaterra/Grécia, 2024)
Direção: Yorgos Lanthimos
Elenco: Jesse Plemons, Emma Stone, Willem Dafoe, Margaret Qualley.

O filme apresenta três estórias. Primeiro ato, Robert é um homem que leva uma vida confortável graças ao controle de Raymond. Até que um dia após um pedido absurdo de Raymond, Robert começa a questionar essa relação. Segundo ato, Daniel é um policial que desconfia que a sua esposa que sobreviveu a uma tragédia no mar não seja sua mulher. Terceiro ato, Emily procura uma mulher com poderes de cura e se envolve com uma seita estranha enquanto foge de um marido abusivo.
Não é fácil decifrar o novo filme do cineasta do momento, o grego Yorgos Lanthimos. Filmado na pós-produção de sua obra-prima Pobres Criaturas, o diretor retorna de forma agressiva e visceral ao seu estilo inconfundível  de realizar obras bizarras e provocativas. Para quem estranhou O Lagosta ou O Sacrifício do Cervo Sagrado, Tipos de Gentileza é uma espécie de três episódios da renomada série Black Mirror mas que exige do público disposição e cabeça aberta para encarar o mundo surreal criado por Lanthimos. Confesso que ao sair do cinema achei o longa aborrecido em conta de sua longa duração tornando a obra cansativa pois o diretor vai pesando a mão no seu estilo. Se o filme parasse até a segunda história seria muito bom. Algo similar ao último filme de Ari Aster, Beau Tem Medo, que tem a mesma problemática. Mas com o passar do tempo, a última história ficou na cabeça e vi que o filme tem um traço de desesperança que retrai mas que mostra uma certa emoção. A melancolia da protagonista interpretada pela Emma Stone me deixou reflexivo. No entanto, a força do filme reside na ótima trilha sonora de Jerskin Fendrix, com arranjos que cria uma atenção sufocante. O elenco formidável dá conta do recado, em especial para Jesse Plemons  que mostra uma tremenda habilidade em compor três personas distintas. E é através dele que o filme expõe o seu principal tópico: a falta de controle das nossas vidas, e os traumas perante aos abusos de poder e relacionamentos. O sentido de perder o controle perante a fatos bizarros como submissão, desconfiança e o escapismo da fé. Aqui, o humor seco e o constante suspense torna Tipos de Gentileza em uma alegoria sobre a crise material,  emocional e espiritual. Algo muito latente no mundo que saiu do ponto mais crítico da pandemia de COVID-19.

quinta-feira, setembro 05, 2024

Alien: Romulus

(EUA, 2024)
Direção: Fede Alvarez
Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced.

Em um planeta colônia para exploração, um grupo de jovens cansados do trabalho forçado decidem fugir para ir a um outro planeta. Mas para isso eles precisam da ajuda da jovem Rain e principalmente do seu irmão sintético Andy para roubar cabines para hibernação do espaço para aguentar a longa viagem espacial. E este artefato se encontra em uma nave desativada. Mas quando a tripulação chega nesta nave, eles não esperavam que estavam sozinhos no local.
Sangue novo é sempre bom para dar uma repaginada. E o agora produtor Ridley Scott acertou ao passar o bastão para um especialista em terror, o cineasta uruguaio Fede Alvarez. Após o fracasso de Scott ao voltar a saga inserindo um confuso ar metafísico; Alvarez não quer reinventar a roda e põe em prática a sua especialidade e o novo Alien retorna sua essência original: um terror tenso e claustrofóbico. O enredo se passa entre o Alien - O 8º Passageiro (1979) e Aliens, O Resgate (1986) e aproveita ao máximo todo o conceito visual dos filmes de Scott e Cameron - tem até uma inesperada volta de um dos personagens do primeiro filme em Alien: Romulus. Mas no filme de Alvarez, o cineasta introduz novos personagens e dilemas, e acerta ao mostrar um futuro pessimista tao bem representado na franquia. E o diretor foi muito competente ao criar personagens - finalmente - cativantes como é o caso dos irmãos Rain e Andy. Enquanto Cailee Spaeny transborda carisma como Rain e demonstra ser uma das atrizes mais interessantes da nova geração; David Jonsson injeta maneirismos que não caem no caricato. E vem da dupla questões como inteligência artificial versus da emoção humana. E é de encher os olhos como o filme recria com perfeição o grande chamada saga: o design de produção da nave espacial com referências aos primeiros filmes. Até a ótima e minimalista trilha sonora clássica de Jerry Goldsmith é reutilizada com eficiência por Benjamin Wallfisch. Mas é uma pena que achei a montagem de Jake Roberts o calcanhar de Aquiles, pois o ritmo é incessante demais. Diferente do início da saga em que o ritmo é mais calmo (intensificando ainda mais o medo e a claustrofobia); aqui a coisa é tão abrupta que não tem tempo para respirar o que causa uma certa confusão narrativa - principamente na introdução em que o público é jogado do planeta colônia até a nave espacial num piscar de olhos. Fora isso, Alien: Romanos é uma grata surpresa em uma saga que parecia ter se esgotado toda a sua potencialidade. Nada como um diretor com visão e livre das amarras dos executivos para botar a saga nos trilhos.

domingo, setembro 01, 2024

Os Rejeitados

(The Holdovers, EUA, 2023)
Direção: Alexander Payne
Elenco: Paul Giamatti, Da'vine Joy Randolph, Dominic Sessa, Carrie Preston.

No natal de 1970 em uma escola particular, o professor Paul é agraciado em ser responsável para "passar" o final do ano com alunos que não poderão ir à casa de suas famílias. Sua única companhia é a cozinheira Mary, que passa por um momento difícil com a perda do filho. E diante de alunos tolos, surge uma amizade do professor e da cozinheira com o aluno Angus, um jovem que vive com sérios problemas familiares. 
Depois de um tempo sem fazer filmes após o fracasso de Pequena Grande Vida (2018), o mestre da comédia romântica de Hollywood - Alexander Payne - volta a ativa na sua zona de conforto. Com toques biográficos, Payne consegue com primor alinhar melancolia e bom humor na turbulenta sociedade estadunidense da década de 1970. E nisso, o filme tem na edição de Kevin tent um dos seus destaques ao imprimir um ritmo (cabeceado, envolvente) típico do cinema americano daquela época. E como o título diz, o filme expõe a vida de três pessoas totalmente diferentes (rejeitadas), com dores particulares mas que conseguem se conectar. De certa forma, o garoto Angus (uma sensível atuação de Dominic Sessa) é o gancho e também um receptor para o mundo adulto. E neste mundo é representado pela alma de Mary, uma mulher em estado de luto pela recente perda do filho na Guerra do Vietnã numa atuação espetacular de Da'vine Joy Randolph que consegue expressar dor sem cair no melodrama e ao mesmo tempo uma leveza tocante. E do corpo personificado através de Paul, um professor metódico e carrasco que no fundo é um homem frustrado e com poucas experiências de vida.
Os Rejeitados tem o plus do charme do cinema autoral da década de 70, e um leve toque de Os Incompreendidos com Sociedade dos Poetas Mortos ao retratar vidas que sentem uma falta de pertencimento ao mundo em que vivem. Não é o melhor trabalho do diretor (Eleição, Sideways, Nebraska) mas a sua sensibilidade ao dar vida aos personagens melancólicos (e um humor gostoso) misturada a nostalgia setentista chama atenção e torna o filme uma delícia de assistir.