domingo, setembro 01, 2024

Os Rejeitados

(The Holdovers, EUA, 2023)
Direção: Alexander Payne
Elenco: Paul Giamatti, Da'vine Joy Randolph, Dominic Sessa, Carrie Preston.

No natal de 1970 em uma escola particular, o professor Paul é agraciado em ser responsável para "passar" o final do ano com alunos que não poderão ir à casa de suas famílias. Sua única companhia é a cozinheira Mary, que passa por um momento difícil com a perda do filho. E diante de alunos tolos, surge uma amizade do professor e da cozinheira com o aluno Angus, um jovem que vive com sérios problemas familiares. 
Depois de um tempo sem fazer filmes após o fracasso de Pequena Grande Vida (2018), o mestre da comédia romântica de Hollywood - Alexander Payne - volta a ativa na sua zona de conforto. Com toques biográficos, Payne consegue com primor alinhar melancolia e bom humor na turbulenta sociedade estadunidense da década de 1970. E nisso, o filme tem na edição de Kevin tent um dos seus destaques ao imprimir um ritmo (cabeceado, envolvente) típico do cinema americano daquela época. E como o título diz, o filme expõe a vida de três pessoas totalmente diferentes (rejeitadas), com dores particulares mas que conseguem se conectar. De certa forma, o garoto Angus (uma sensível atuação de Dominic Sessa) é o gancho e também um receptor para o mundo adulto. E neste mundo é representado pela alma de Mary, uma mulher em estado de luto pela recente perda do filho na Guerra do Vietnã numa atuação espetacular de Da'vine Joy Randolph que consegue expressar dor sem cair no melodrama e ao mesmo tempo uma leveza tocante. E do corpo personificado através de Paul, um professor metódico e carrasco que no fundo é um homem frustrado e com poucas experiências de vida.
Os Rejeitados tem o plus do charme do cinema autoral da década de 70, e um leve toque de Os Incompreendidos com Sociedade dos Poetas Mortos ao retratar vidas que sentem uma falta de pertencimento ao mundo em que vivem. Não é o melhor trabalho do diretor (Eleição, Sideways, Nebraska) mas a sua sensibilidade ao dar vida aos personagens melancólicos (e um humor gostoso) misturada a nostalgia setentista chama atenção e torna o filme uma delícia de assistir.

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