quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Mal do Século

Num suburbio rico de Los Angeles vive a dona de casa Carol White que parece ter uma vida perfeita: uma bela e grande casa, um marido carinhoso que lhe dá mimos, um enteado que não lhe causa problemas. Diante da visão do paraíso, fatos estranhos começam a acontecer com Carol. Do nada, ela começa a sentir cansaço, falta de ar, sangramentos. Nos exames médicos diagnosticam que ela está bem e que poderia ser stress, o que lhe encaminham a um psiquiatra. Mas Carol percebe que o seu estado agrava quando entra em contato com produtos tóxicos que vai desde a fumaça do carburador de um caminhão até produtos de beleza utilizados no salão de beleza que frequenta. Diante dessa conclusão, ela decide radicalizar o seu modo de vida: deixar a rotina pomposa, glaumurosa de Los Angeles e vai passar um tempo numa comunidade localizada no deserto na qual é frequentada por pessoas que têm os mesmos problemas que Carol.


Também intitulado como A Salvo (o seu título original é Safe), Mal do Século é um trabalho impressionante de Todd Haynes no qual considero o seu melhor filme. Com uma concepção visual incrível, o diretor utiliza imagens estáticas que exploram com precisão cirúrgica o plano de fundo dos cenários internos e externos a ponto de transformar Julianne Moore (ótima) como uma formiga perdida no cenário, uma completa alusão ao vazio existencial de Carol a um mundo que valoriza a riqueza, o materialismo, consumismo, mas também a falta de perspectiva - afinal, ela é uma dondoca que está mais preocupada em manter a casa a mais linda possível. Como de hábito, Haynes soube conduzir a parte técnica como a bonita fotografia, a montagem é bem-feita (a cena em que Carol está passando mal enquanto dirige o carro é extremamente sufocante) e a interessante trilha sonora que lembra demais Mulholland Drive - Cidade dos Sonhos (que também se passa em Los Angeles). Enfim, é um filme que tem um vigor e uma estória que cria vários pontos de vistas (bem ao estilo do diretor), que para mim é uma jornada de uma mulher que agrada mais aos outros a ponto de deixar um doloroso oco dentro de si mesma.

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