quarta-feira, janeiro 06, 2010

Manderlay


Após a traumática experiência vivida na cidade de Dogville, Grace foge do lugar acompanhado de seu pai (um gângster) e seus comparsas. Durante a fuga, eles acabam parando numa fazenda chamada Manderlay onde os negros ainda são tratados como escravos. Sensibilizada pela situação, Grace tenta mudar o quadro, até que a dona do local morre subitamente. Diante dos fatos, e da nova realidade, tanto os donos quanto os negros não sabem como retornar a rotina deixando o terreno livre para que Grace estabeleça regras para acabar com a escravidão na fazenda, mas essa tarefa não será nada fácil diante das excentricidades do lugar.

Lars Von Trier é um cara que não pode ser subestimado. Um dos melhores cineastas da atualidade, ele sabe como poucos manipular as emoções do público e destroçar a vida de seus personagens (geralmente mulheres) sempre com uma conclusão estarrecedora, provocativa e surpreendente. Mesmo que Manderlay seja considerado um filme menor – o diretor pegou “leve” com a Grace – tem muitos pontos interessantes. A estrutura de Manderlay é a mesma de Dogville (ausência de cenários, a narrativa de Michael Caine), mas existem duas Graces diferentes. No primeiro filme, ela é totalmente passiva na situação a qual se encontra. Já no segundo filme, Grace (na atuação correta de Bryce Dallas Howard) é mais firme, empenhada, e ironicamente, empreendedora (mais americano, impossível).
Com um discurso sobre racismo, escravidão, perda da liberdade, Von Trier foi, mais uma vez, cruel com os Estados Unidos – uma nação que ainda não virou a página sobre esse tema – mas que no fundo é um ser preso diante da liberdade (como a Grace).

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